terça-feira, 8 de outubro de 2019

Que bom que deu errado! – Por que eu amo a minha cesárea.


Que bom que deu errado! – Por que eu amo a minha cesárea indesejada:

Eu me tornei doula em 2011. Apoiei mulheres em suas buscas por partos respeitosos, humanizados, atualizados com as evidências científicas, e que levassem em consideração as particularidades de cada uma. Acompanhei partos hospitalares, domiciliares e cesáreas bem indicadas. Vi de frente a cirurgia, as camadas cortadas, os procedimentos invasivos. Aprendi os riscos de uma cirurgia na mãe e os prejuízos para o bebê que não seria massageado pelo canal vaginal respirando melhor na transição para o mundo, não teria contato com a microbiota benéfica para o sistema imune dele e todos os outros malefícios que podemos discutir em outro momento. Não preciso repetir aqui: claro que cesarianas bem indicadas salvam vidas e são bem vindas; é quando os benefícios da cirurgia superam seus malefícios, é quando ela se torna mais segura do que um parto fisiológico onde todo o possível já foi feito.

Eu seguia encantada pela beleza do momento, ver um ser humano chegar ao mundo, ver a potência e o desabrochar de uma nova vida e uma nova mulher. Os partos domiciliares eram particularmente especiais, a atmosfera de respeito, o ambiente acolhedor. Eu conhecia as evidências e sabia as circunstâncias em que um parto poderia ser acompanhado em casa. Eu, introvertida que sou, que amo meditar e ficar tranquila no meu canto, e que odeio hospitais (tanto por experiências da minha infância como por questionar o modo como nossa saúde é tratada no ocidente – por isso sou acupunturista) não poderia querer outra coisa para mim. 

Em 2011 na Marcha pelo Direito de Parir em Casa, Brasília

Quando eu engravidei decidi que minha filha nasceria em casa! Depois de seis anos assistindo vídeos de partos, escrevendo em meu blog ‘Morada Interior’, acompanhando gestantes maravilhosas nessa experiência única na vida, traduzindo as legendas para o documentário ‘Renascimento do Parto’ para sua pré-estréia e coordenando grupos de gestantes... Eu não cogitava nenhuma outra forma de nascimento respeitoso. 

O parto é um evento familiar, a segurança dele em casa para gestação de risco habitual e com equipe qualificada para atender é a mesma (na verdade um pouco mais seguro inclusive) do que a de um parto normal hospitalar. Eu não tinha medo do parto, tinha respeito, mas não medo. Eu tinha medo de hospital.

Chegou o grande dia! Com 41 semanas e 1 dia eu entrei em trabalho de parto, um dia depois de fazer uma acupuntura em mim mesma para um estímulo (cansada dos pródromos). O trabalho de parto foi longo, arrastado. Tive tudo que eu queria, penumbra, uma doula, minhas músicas, açaí entre contrações, chuveiro, bola, caminhei, me agachei, entrei na piscina de parto (maravilhosa!), até mesmo cochilei. Não vou falar do processo nem da dor (isso eu conto no meu relato de parto). Mas em algum momento minha filha ficou com taquicardia, em algum momento a progressão foi parando sem que as contrações diminuíssem, em algum momento apareceu mecônio. Eu sabia o que isso significava. Era o fim do meu sonho, era o fim do meu parto. Deu lugar à adrenalina, o medo, a pressa.


Tudo foi feito com segurança, médica foi na frente, anestesista chamado, caminho pro hospital calculado. Partos domiciliares exigem um plano B. Uma assistência correta e um plano B ajudam a garantir que tudo ocorra dentro da segurança. 

Ali foi dor, dor emocional, dor física, dor na alma, dor... Hospital, pessoas olhando, cardiotoco, batimentos cardíacos alterados, maca, enfermeiras grossas, acesso venoso, picadas, solidão, luz branca na cara, frio, gelado, tremedeira... A cada corte a faca na minha mente, a cada puxão a lembrança das cirurgias que vi de frente, eu aceitei, claro, é o que fazemos. Meu coração e minha cabeça estavam com minha filha, que eu desejava tanto ter nos braços. E ela não veio, não veio para mim. Sequer a vi. Queria pega-la de dentro de mim em minha casa, mas a levaram. Foram os segundos mais silenciosos da minha vida. Mas ficou tudo bem! 


Frustrada pelo desejo não realizado? Claro, como qualquer criança também fica por não ganhar o que quer. Chateada com o plano ter mudado tanto? Com certeza. Uma mulher triste com a cesárea indesejada é uma mulher triste com a experiência não vivida, a experiência que ela criou em sua mente centenas de vezes, viu nas outras, almejou para si, dedicou estudo, tempo, energia, investimento emocional... Ela queria sentir cada pedaço de tudo aquilo, e sabe que nunca mais saberá, não com aquele filho. O corte da cesárea é o corte do vazio que fica...

Demorou um tempo para elaborar, foi um processo, como todas as coisas na vida que são importantes para nós. De uma forma ou de outra, parindo ou não parindo, todas aprendemos que controle é algo que não temos. Todas aprendemos a aceitar e a dar nosso melhor dentro do que conseguimos. Demorou, mas aceitei, não apenas aceitei, amei. Sim, eu amo minha cesárea. Não por que me deu uma filha nos braços, mas eu amo a experiência que vivi. Era tudo que eu não queria, e o mundo dá voltas e joga no nosso colo aquilo que precisamos, e a isso sou grata!

Para todas as mulheres ficam “E SES”, e se isso e se aquilo, e o que eu faria diferente. E algumas coisas faríamos diferente mesmo! E tudo vira aprendizado. Todas as mulheres tem “e ses”, até mesmo as que pariram como desejaram. Eu sei que dói, e a cura para isso não é cavoucar a ferida ou procurar culpados, é falar, falar da experiência, como você se sentiu, conversar com alguém que te escute e não faça você se sentir ingrata pela cirurgia que trouxe seu bebê. Não é sobre o amor pelo bebê, é sobre a experiência profundamente corporal, íntima e psicológica que nos revirou por inteira e deixa marcas que precisamos lidar ainda.

Eu amo minha cesárea! Amo como eu sinto que ela me transformou em uma pessoa melhor. Como ela me faz acessar a dor das outras mulheres com mais facilidade, como eu sinto que entendo melhor, humanizo. Amo minha cesárea e continuo defendendo o direito das mulheres parirem com respeito, continuo alertando para os prejuízos que uma cirurgia traz para a mãe e bebê! “Ah você fala isso por que aposto que pariu, não sabe do que estou falando” – “Eu tive uma cesárea... eu sinto sua dor...”





Eu amo o potencial transformador que a cesárea se tornou para mim. Para mim, na minha experiência pessoal, no meu psicológico! Você vai encontrar suas transformações também. Sua cesárea desnecessária pode te transformar em ativista, doula, te colocar em contato com outras reflexões, rever valores, te unir a pessoas que você não imaginava que estaria andando junto antes, ou refletir sobre tuas dores mais profundas. E se dói, fale, e busque terapia, faz muito bem!

Eu amo minha cesárea por que se eu tivesse tido um parto liso, domiciliar, ‘fácil’, lindo, como eu desejava, eu odiaria a mim mesma! Eu poderia me tornar aquela pessoa ‘entitulada’ que se acha melhor por que teve um ‘parto dos sonhos’, e acha que a mulher tem o parto que ‘merece’. Não acredito em meritocracia, acredito em generosidade, informação, acolhimento e compaixão. Eu não ia gostar de virar alguém que diz “vai lá e pare! Toda mulher sabe parir! Eu consegui, você consegue! Parir é simples” – É e não é. É fisiológico, natural, acontece. É simples, é animal, é parte da vida. Mas é complexo (e no Brasil, é difícil também). 

A Vida me salvou de virar uma ativista arrogante! Eu agradeço! A Vida me jogou no turbilhão do mar de ressaca para que eu soubesse que eu sei manejar as velas do meu barco! Para muitas mulheres, o parto é o grande medo! Eu tinha medo da cesárea, do hospital! Encontrei minha força quando tive que enfrentar o meu maior medo! Tudo que eu menos desejava foi tudo que aconteceu! Eu não precisava de um parto troféu! Eu precisava de uma cesárea! Parir seria fácil demais, simples demais. Eu precisava de uma cesárea, e por isso eu a amo.


*** meus desejos de que toda mulher possa encontrar seu local de acolhimento, aprendizado e cura, em cada experiência que viveu <3


(Agradeço às doulas e consultoras de sono e amamentação Juliana Santini e Erica Lima, de São José dos Campos, amigas da Roda BEBEDUBEM, que tiraram de dentro de mim isso)

segunda-feira, 22 de abril de 2019

ESTÁ COM FEBRE? QUE BOM!


ESTÁ COM FEBRE? QUE BOM! - Dr. Nilo Gardin

A febre, definida como um aumento da temperatura do corpo acima de 37,2 ° C (medida na axila) é um evento que acompanha boa parte das doenças inflamatórias, especialmente as infecções e, de modo mais freqüente, na infância. Nos dois extremos da vida temos duas tendências opostas: na infância predominam as doenças inflamatórias febris e, na idade senil, as doenças escleróticas.

A febre na criança costuma trazer angústia aos pais, que sentem uma necessidade grande de baixá-la imediatamente, temendo possíveis conseqüências maléficas aos seus filhos. Isso está muito mais baseado em desinformação do que propriamente em conhecimento científico.

Quando entendemos a febre de um ponto de vista mais ampliado, nossa visão se modifica e também nossas atitudes diante desse fato.

A febre sempre existiu, acompanhando diversas doenças, como mecanismo de defesa do organismo. Com o aumento da temperatura corpórea, nosso sistema imunológico tem a possibilidade de agir mais rápida e eficazmente. A produção e a ativação de diversas substâncias e células de defesa aumentam na febre, o que facilita a resolução da inflamação. Sabe-se, de longa data, que durante a febre o organismo humano consegue produzir mais anticorpos contra vírus e bactérias. O aumento de apenas 1º C na temperatura corpórea consegue diminuir duas vezes a multiplicação viral. No caso do resfriado, por exemplo, o vírus se reproduz muito bem a 35º C, já a 38º se reproduz pouco e aos 40º não se reproduz. Portanto, o melhor remédio para o resfriado é a febre! E o pior remédio é o resfriamento - que pode acontecer após o uso de diversos antitérmicos.

Durante nosso desenvolvimento, passamos por crises que precedem períodos de mudanças. Assim é por volta dos 21 anos, quando buscamos nossa verdadeira identidade no mundo, ou dos 28 anos quando nos questionamos profundamente acerca de nossos reais talentos. Na infância, dos 0 aos 7 anos de idade, o correspondente a essas “crises biográficas” são as doenças febris. O calor traz a possibilidade daquilo que nos é mais individual, chamado na medicina antroposófica de organização do Eu, de intervir na constituição orgânica. Isso se acentua na febre. O Eu precisa se expressar através do corpo físico, e a febre o ajuda a tornar esse corpo herdado dos pais mais adequado à suas próprias características individuais.

Observamos, na pessoa febril, um rebaixamento de seu nível de consciência. Pensar e atuar fica mais difícil durante a febre (o corpo e a mente pedem repouso). É como se a consciência (Eu) “descesse” da cabeça até os órgãos internos e membros, para tomar posse daquilo que foi herdado dos pais. Isso só se consegue através do calor corporal. Por isso, se no início da febre as extremidades estiverem frias (principalmente os pés) pode se fazer compressas mornas nas panturrilhas e pés, ajudando o calor a chegar até lá. Desse modo não estaremos colocando obstáculos ao desenvolvimento orgânico, mas sim o facilitando. Depois da compressa, deve se colocar meias bem quentinhas e repousar.

Responder com febre durante uma doença é sinal de boa vitalidade, de capacidade de reagir frente às ameaças externas. Após cada episódio de febre o sistema imunológico, expressão de nossa individualidade, se torna mais preparado para enfrentar as agressões externas, e a criança, como um ser único, ganha uma batalha e conquista seu novo espaço. Trata-se de um amadurecimento orgânico, vital para o amadurecimento anímico que se segue.

Quando baixar

O bom senso sempre deve nos guiar. Em algumas situações é adequado baixar a temperatura com antitérmicos. Mas são situações de exceção:

- quando a febre ultrapassa os 40º C;
- durante a gravidez (a febre poderia trazer problemas de formação ao feto);
- em pessoas com doenças cardíacas (ao aumentar a freqüência cardíaca, a febre pode sobrecarregar o coração de quem já teve um infarto ou tem angina);
- em doenças crônicas muito debilitantes (p. ex. tuberculose, hipertireoidismo);
- em doenças psiquiátricas (onde a febre pode desencadear determinados surtos);
- e em pessoas com epilepsia – quando a febre pode facilitar a ocorrência de novas crises.

Existem recursos naturais e medicamentos antroposóficos e homeopáticos que ajudam o doente febril a modular a temperatura, ou seja, evitam que ela exceda determinados limites, ao mesmo tempo em que trazem bem estar e auxiliam a fase de recuperação. Antitérmicos sintéticos e antibióticos precisam ser usados com muito critério e, os últimos, somente sob prescrição médica.


Orientações práticas - O que fazer para ajudar

- Crianças têm febre mais alta e de instalação mais rápida do que os adultos.
- Durante a febre convém respeitar a falta de apetite da criança não a forçando a comer. Se houver perda de peso, ela recuperará rapidamente após a doença ir embora. Porém é muito importante que ela beba líquidos (água, chá e sucos), para repor as perdas aumentadas ocasionadas pela transpiração maior que acompanha a febre.
- Não dê banho frio na criança com febre, tampouco use compressas com álcool. Isso causa perda muito rápida de temperatura. O banho deve ser na temperatura do corpo (em torno de 37º C).
- Brinquedos e atividades que estimulam demasiadamente o pensamento, como vídeo game, computador, lição de matemática etc., devem ser evitados durante a febre. Há necessidade de repouso físico e mental.
- Consulte o médico para saber a verdadeira causa da febre. Se o tratamento é feito com um médico antroposófico ou homeopata, ele necessitará de informações que individualizem o caso, como por exemplo, se o aumento da temperatura foi súbito ou lento, se houve presença e características de sede, suor, sintomas mentais (estado de ânimo, ansiedade, desejo de companhia etc.), dentre outros.
- Após os episódios de febre o calor tem que ser mantido, especialmente nas extremidades (pés), agasalhando bem a criança e evitando perdas excessivas de calor.

Seguindo esse caminho, o organismo da criança terá aprendido algo durante a doença febril, por esforço próprio. Note a expressão na face de seu filho ou de sua filha após recuperar-se de uma doença febril, onde a febre não foi suprimida, mas sim auxiliada de modo consciente e natural. A criança está sutilmente diferente: um pouco menos parecida com os pais, um pouco mais parecida com ela mesma. Você deu liberdade para ela amadurecer.


http://doutorlucashomeopatia.com.br/febre-e-agora/

terça-feira, 16 de abril de 2019

"Eu quero machucar você!!" - Dores, emoções reprimidas e raiva na Medicina Chinesa

"Eu quero machucar você!!" - Dores, emoções reprimidas e raiva.

A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, em pé e criança
Hoje (maio de 2018) eu consegui não reagir na raiva, na intenção de impor obediência, calar o choro, exigir ‘bom comportamento’.
Hoje eu deixei. Deixei gritar, deixei bater (com contenção, claro, pois não sou saco de pancada). Eu me lembrei das vezes que eu me senti assim, furiosa, com vontade de socar a parede, quebrar um violão, bater uma porta sabe...

Mas ela é só uma criança de três anos.
Não, eu não incentivo o mal comportamento.

Mas me afastei, despersonalizei. Consegui encontrar aquele local de observação que apenas olhava com amor a raiva dela e pensava “como posso ajudar”. Não era comigo, não era sobre mim. Ela não precisava aprender “quem manda”, ela precisava ser ouvida.

Não gritei nem lhe segurei os braços com uma contenção braba. Não lhe sacudi nem disse “olha aqui, fica quieta”.

Raiva é energia do meridiano do Fígado na Medicina Chinesa. Não pense no órgão, em chinês é Gan, e Gan é muito mais que um órgão.

A energia do Gan é movimento, é vento, precisa se deslocar. É responsável por harmonizar a circulação energética do corpo. Falando em termos de acupuntura, o fígado é um órgão yin (zang), e seu acoplado é a vesícula biliar, que é yang (fu). Um dos “estados mentais” administrados pela vesícula é nossa capacidade de decisão. Minha filha foi tolhida na decisão que ela queria fazer para si.

A emoção correspondente ao fígado é a raiva/ reatividade ou em seu lado bom a capacidade de ação firme e enérgica.
Nós contemos a raiva em nossa sociedade. “Ter raiva é feio”. “Fique quieto, obedeça, não faça assim”. “Seja calmo, seja bonzinho, seja paciente, não tenha vontade própria”.
É como nossas crianças tem sido criadas.

Atendo muitos adultos com doenças físicas e emocionais resultantes de grandes desarmonias desse meridiano do fígado... Se a TPM é intensa e a cólica menstrual é forte, o fígado está afetado. Se existem dores represadas, é o fígado trancado, doente. Não adianta tomar chá de boldo. Lembra, é o Gan chinês. Mágoas e rancores que nos adoecem... Fígado. Ele afeta nossa visão, física e emocional. Ele afeta nossa flexibilidade e tolerância. Tornamos-nos rígidos, e rígidos ficam os músculos. As dores acumulam, inflamam!

A frustração e a ira são reflexos do fígado. Minha filha estava extremamente frustrada. Não se trata de ‘incentivar’ a raiva. Mas permitir o fluxo livre, para que ele termine seu ciclo e a paciência e a compreensão possam ter espaço.

Não quero cria-la de forma a torna-la doente.
Decidi conscientemente não oprimir. Escutei o grito, li a linguagem de seu corpo. Acolhi no meu coração, percebi minha responsabilidade no que ela estava sentindo. Aprendemos a ‘trancar’ nosso emocional desde crianças. O Fígado precisa de um fluxo livre, ele exerce um papel importante no nosso equilíbrio emocional. Represar não é não sentir, não se combate raiva com raiva. Aprendi no budismo: é como combater um incêndio com fogo. Paciência, reta ação, reta palavra, generosidade e compaixão. Raiva se combate com paciência
E novamente minha filha é meu “retiro espiritual particular”. Agradeço.

Que linda oportunidade de praticar escuta, de desenvolver mais paciência, de olhar a reação raivosa dela não como uma afronta, mas como um sofrimento que precisa ser aliviado. Agir sem conter o choro nem a raiva, nem alimenta-las com mais motivos para brigas. Apenas deixar o furacão passar.

Ela estava cansada, a janta atrasada, um pedido negado. Ela estava com fome, havia voltado da natação, já tinha esperado bastante, nadar cansa, da fome. Nós adultos erramos na programação. Apenas isso.

Ela explodiu com gritos que pareciam vir direto do Hades. Gritos intensos, como um animal feroz. Empurrava-me e chutava. Sentia muita raiva de mim ao simplesmente me perceber em sua linha de visão. Quis me morder, dar cabeçadas, me estapear. Eu a segurei e impedi sempre, gentilmente, com o tom de voz baixo, reforçando o quanto eu entendia sua raiva, sua fome, sua frustração ao ouvir o ‘não’. Eu não ia reagir ao ataque com mais raiva e combustível inflamável (não dessa vez).
Me senti muito consciente da situação. Talvez se estivesse na rua olhos fulminantes estariam em cima de mim “Não vai castigar?” “não vai bater nessa monstrinha?” “não vai mostrar quem manda e calar a boca dessa criança inconveniente”.
Felizmente eu não estava na rua, aqui era só eu e ela, e eu tinha tempo, eu tinha espaço para afastamento, eu tinha paciência. E ela tinha o direito de expressar suas emoções.
Eu avisei que a sopa estava pronta (o motivo da explosão era um copo de leitinho negado antes da sopa). Avisei que ia servi-la. Que a fome ia passar, a raiva ia passar.

Já tinha dado errado. Ela gritava que queria mais é que as sopa queimasse, estragasse, que não ia comer sopa nenhuma! (onde essa menina aprendeu a falar assim?!!)
Seus olhos ferviam de raiva, raiva e sofrimento. Eu queria abraça-la, queria que ela chorasse em meus braços e deixasse o furacão passar. Ela me repelia com força. “Eu vou te machucar”, ela me dizia. Ela queria me machucar. Que duro ouvir isso de um filho!
Mas ela me ama, eu sei. Eu sou a adulta, ela é só uma criança sofrendo.

Finalmente ela subiu para seu quarto. Chorou em sua cama enrolada no edredom. Dei poucos minutinhos, subi atrás. Esperando que dessa vez ela não me afastasse.
Entrei no quarto sem pisotear o chão com raiva, como muitos pais fariam. Entrei suave, com uma voz calma. “está melhor agora filha?”. E ela pulou em meu colo e chorou sentida. E eu acariciei seus cabelos e só disse que entendia o que ela estava sentindo e que estava tudo bem.

Não havia mais choro e ranger de dentes (aliás, bruxismo e dores na ATM estão relacionadas também a um fígado represado).
Quando as coisas não saem como queremos, ficamos com raiva. E a raiva intensa ou prolongada (que não consegue fluir e se esvair, ou fica se retroalimentando) pode gerar problemas de fundo emocionais como a depressão, ou simplesmente dores por todo o corpo, inflamações, insônia por deficiência da energia “boa” do fígado, de tanto que a raiva a consumiu. Quando pensamos em raiva pensamos em pessoas com a cabeça vermelha vociferando (também existem dores de cabeça causadas por desarmonias do fígado), mas para muitas pessoas a raiva mudou de aparência, é contida, a pessoa pode até ter fama de ‘tranquila’, ‘zen’.

É aquele trauma de infância, aquele choro reprimido, aquele carinho não recebido. É a emoção não falada, não fluída. A mágoa de algo que sequer lembramos conscientemente e hoje piora nosso quadro de menopausa. O fígado pode ser tantas coisas! Tudo que está debaixo do nosso tapete.

Mas ele pode ser cuidado, a criança pode ser ouvida, a sua criança interior pode receber aquele colo que merecia. O passado pode ser perdoado, verdadeiramente perdoado. Mas para isso é preciso olhar para dentro, e enquanto cuidamos da nossa criança interior, não sufocamos o choro da nossa criança real, nossa filha que grita a plenos pulmões sapateando no chão da cozinha com os dentes e punhos cerrados!

Eu te escuto filha! E ao te escutar eu me escuto. Você pode fluir por mim, através de mim, no meu colo. Deixe fluir e purifique essas emoções.
O que quero dizer com esse texto é que podemos ouvir nossas crianças. Podemos aprender a ouvi-las sem calar o choro ou reagir agressivamente. Podemos ser tolerantes com a infantilidade de suas emoções. E podemos cuidar da criança que fomos também. É preciso coragem para escutar o choro que não deixamos fluir em nós mesmos.

Alimentos verdes nutrem o fígado. Folhas. Alimentos ácidos. Chá de hortelã. Óleo essencial de Menta. Exercícios físicos para mover a energia estagnada, alongamento para soltar as emoções enrijecidas. Evitar bebidas alcoólicas, alimentos gordurosos.

Não reprimir a raiva mas ao mesmo tempo não alimenta-la gritando “brigo mesmo, sou assim mesmo!”. Ervas medicinais, acupuntura, terapia, muita terapia, para abrir as portinhas de cada mágoa e deixar que voem para longe. Se despedir de cada história não finalizada. Receber todo o colo que ficou fazendo falta. Assim a gente aprende a ter paciência com a gente mesmo. E fica mais fácil olhar para a criança e entender “tudo bem, pode expressar suas emoções, estou aqui quando você precisar”.

E ali estávamos. E jantamos sopa juntos á mesa. E ela disse “eu sou criança ainda, estou aprendendo”. E ela se sentiu respeitada, e compreendeu que entendemos as emoções dela, e elas tinham seu valor, por mais que não tivéssemos gostado dos gritos.
“Vou tentar não ficar com tanta raiva mamãe”.
“Vou tentar sempre te ouvir filha”.
E vamos dormir em paz

sábado, 22 de dezembro de 2018

Ceia de Natal Vegetariana com sobremesa Vegana

Olá! Se você assim como eu acha que Natal combina com sentimentos de amor e celebração da vida, e não quer bichos mortos na sua mesa, veja essa dica de ceia com receitas para o Natal!



Tender Veg!


Comprei da Marca Goshen http://goshen.com.br/ e segui mais ou menos a receita do Presunto Vegetariano. https://youtu.be/CK5u3gqdk4Y. Ficou uma delícia! E da turma que come carne, vários preferiram comer o Tender Veg ao tradicional! Devia estar mais gostoso mesmo!


INGREDIENTES 
1 presunto defumado de soja Goshen de 900g 
1 e 1/2 xícara (de chá) de suco de laranja natural 
1 xícara (de chá) de calda de pêssego/abacaxi (que vem junto na lata) 
1 colher (de sopa) de suco de limão 
1 colher (de sopa) de açúcar demerara ou cristal 
1 colher (de sopa) de mostarda Dijon (pode ser a amarela normal) 
2 colheres (de chá) de alecrim fresco
Óleo vegetal ou margarina vegetal amolecida para pincelar Cravos-da-Índia Pêssego em calda e figos em calda para decorar 

MODO DE PREPARO Retire o presunto defumado do congelador e deixe descansando na geladeira por 8 horas. Retire a embalagem e faça riscos pela superfície, formando losangos. Em uma vasilha, coloque o suco de laranja, a calda do pêssego e o suco de limão, misture e coloque o presunto defumado. Tampe e leve à geladeira por 6 horas, virando de vez em quando para o suco pegar em todo o presunto. Pré-aqueça o forno a 210ºC. Retire o presunto do suco e coloque em uma vasilha untada com margarina vegetal, pincele-o com óleo vegetal e espete cravos-da-Índia entre cada cruzamento dos losangos. Cubra com papel alumínio e leve para assar por 20 minutos. Enquanto isso, prepare a calda. Em uma panela em fogo médio, coloque a mistura em que o presunto vegetal estava banhado, o açúcar, a mostarda e o alecrim fresco. Misture e deixe ferver. Jogue esta calda sobre o presunto e leve para assar novamente por 1 hora, sem o papel alumínio. De 15 em 15 minutos regue o presunto vegetal com a calda.
Você pode servir com um almoço bem "normal" de arroz e feijão, e uma farofinha turbinada! (além de farinha de mandioca, eu gosto de antes dar uma tostadinha em gergelim, semente de linhaça, e castanha de caju picadinha. Fica uma delícia e super nutritivo! Couve picada na farofa, meio fritinha, também fica ótimo!.










Outro prato gostoso e simples que você pode fazer é o CUSCUZ MARROQUINO. Ele é feito com sêmola de trigo, e basta hidratar em água fervendo na proporção certinha que a caixa indica. Eu não misturo caldo de legumes nem esses caldos artificiais, apenas tempero a gosto. Gosto de picar pepino, tomate, e colocar cenoura ralada e lascas torradas de amêndoas nele. Há quem goste de misturar com passas também. Por cima jogo um azeite, sal e pimenta do reino, e pico uma salsinha ou cebolinha. É leve e delicioso!

Você pode fazer uma bela SALADA com variadas folhas para acompanhar. Junto com palmito, nozes e tiras de manga. Fica uma delícia! 

Outro prato que vai bem na ceia é a ABOBRINHA RECHEADA. O recheio pode ser vegano, com proteína de soja (bem hidratada e a água escorrida para tirar o gosto rançoso), temperadinha e refogada com tomate e azeitonas. Ou você pode rechear com quinoa e legumes, ou com uma misturinha de berinjela, pimentão, tomate e cebola. Fica uma delícia! Se você optar por uma versão láctea, há quem goste com ricota e ervas, ou um creme de requeijão e queijo por cima. Invente!


Uma outra opção de prato principal que eu adoro é a TORTA de MASSA DE GRÃO DE BICO. Eu adoro fazer essa massa! Obviamente ela é muito proteica. As leguminosas são ótimas fontes de proteína para vegetarianos. Então ao invés da pesada (em carboidratos) massa com base em farinha de trigo, gosto de fazer a de grão de bico. É bem simples. Deixe o grão de bico de molho pelo menos por 12h (melhor 24h, como todas as leguminosas). Jogue a água fora, e cozinhe normalmente na pressão. Quando estiver pronto, deixe esfriar. Cate como conseguir o excesso de pelinhas que o grão solta, jogue a água fora (ou transforme em aquafaba, um tipo de chantilly vegano), e reserve o grão de bico. Escorra bem a água dele. 

Então bata ele no mixer ou liquidificador, com um pouco de óleo ou azeite, e sal. Você pode acrescentar alguma semente na massa para ficar mais nutritiva, um pouco de chia ou gergelim combina bem.

Geralmente a massa fica ainda meio molhada, então só pra facilitar a moldagem e a liga eu acrescento cerca de 2 colheres de farinha de trigo, só pra dar aquela grudadinha.

Daí é só espalhar na forma com os dedos. Separar, e partir para o recheio.

O recheio que gosto de fazer envolve um pouco de molho. Pode ser com de tomate, mas acho que fica mais gostoso com um molho branco. Só cuide para ele não ficar muito aguado. Você pode fazer um molho bechamel tradicional, com farinha de trigo e creme de leite, mas boas opções veganas podem ser feitas com leite de aveia (que já dá uma engrossadinha), ou outros leites vegetais, ou com inhame cozido e batido com um pouco de água. Fica gostoso como creme branco! Não tem mistério, é só refogar a cebola, colocar um pouco de farinha de trigo meio fritinha, dissolver bem no liquido, cozinhar um pouco com pimenta do reino e noz moscada e sal. 

Para esse recheio usei alho-poró, tomate, milho e palmito. Depois de tudo picado e da base de molho branco pronta. Misturei e dei uma cozinhada em tudo junto. (importante: o alho-poró precisa ser pré refogado antes para não ficar cru).

Coloquei queijo parmesão por cima e assei por 20min em forno médio. Essa torta é sempre um sucesso. A massa lembra um pouco a massa de empada. Vegetarianos ou não, todos gostam!




SOBREMESAS VEGANAS!



Para a massa das tortas eu fiz bolacha maria (de marca vegana) triturada, e misturada com óleo de coco e farinha de amêndoas. Depois de deixar ela úmida e dar o formato, é só assar por uns 15min em fogo médio.

Fiz duas opções: 
- Creme de coco e baunilha com cobertura de sagu de chia (uva). 
- Torta de limão com cobertura de geléia de damascos.

Para a primeira, misturei leite de coco, açúcar e baunilha, e fui mexendo como se estivesse fazendo um brigadeiro de leite condensado tradicional. Quando senti que o ponto estava mais consistente, desliguei o fogo e pus em cima da massa e levei para a geladeira ( o leite de coco gelado da uma endurecida também).

Para a segunda misturei leite de amêndoas, açúcar, um pouco de óleo de coco (para dar gordura) e maisena (cerca de 2 colheres para  1 copo de leite), como se fosse um mingau. Quando ficou com boa consistência, desliguei o fogo, esperei um pouco e misturei o suco de meio limão. (não se deve cozinhar o limão) e levei à geladeira.

Para as coberturas é simples. Misture semente de chia com suco de uva integral (adoce mais se quiser), mexa bem e deixe na geladeira. Faça isso no DIA ANTERIOR. De vez em quando vá até a geladeira e misture para que todas as sementes fiquem soltinhas e liberem seu 'gel'. Aos poucos a semente vai inchando e o suco vira uma espécie de gel de sementes. Se achar muito aguado, coloque mais sementes, ou acrescente mais suco se tiver secado. O gosto é bom e a textura fica interessante.

No caso dos damascos, hidrate eles por pelo menos 1 hora, retire a água e bata com açúcar. Dê uma leve cozida como se fosse fazer uma geleia de damascos. Ai é só espalhar por cima e colocar raspas de limão.

Ficaram realmente gostosos! 


Bem, essas são as sugestões que quis reunir para uma ceia natalina vegetariana (com inclinações veganas). Se você esperava receitas orientadas com medidas certinhas eu peço desculpas. Culinária não é meu forte, e a maioria das coisas faço "no olho". Minha intenção não era criar um post de receitas, mas uma sugestão de ideias mesmo! Quem sabe isso desperte sua criatividade e você também crie uma ceia gostosa!!

Feliz Natal!
Que seu natal não seja regado do sofrimento e morte de animais inocentes. Que o espírito do natal toque os corações despertando a compaixão por todos os seres sencientes e possamos nos sentir UM com o todo, e realmente celebrar a vida, o solstício e o Christos
Com amor

Alaya e Lara






terça-feira, 27 de novembro de 2018

Poltrona de amamentação. Vale a pena comprar? E Carrinho de bebê?

Enxoval do bebê!

Poltrona de amamentação. Vale a pena comprar? E Carrinho de bebê?


Vale a pena comprar poltrona de amamentação? E a almofada de amamentação? Nesse vídeo eu conto como foi na prática comigo e te convido a refletir sobre as escolhas


Vídeo curtinho pra te ajudar a decidir o que é melhor para você na sua realidade!

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O que são as tais evidências científicas? (ou "fiz assim e meu filho não morreu")

O que são as tais evidências científicas?
Guest Post por Fernanda Rezende da Silva
(meus agradecimentos pelo texto maravilhoso!)
  O que são as tais evidências científicas? Porque temos tanta resistência em aceitá-las? Você já deve ter ouvido falar em pesquisas científicas de todo tipo: uma pesquisa diz que comer ovo faz mal à saúde, aí tempos depois vem outra e faz o ovo vilão virar mocinho... Existem pesquisas de todos os tipos e para todos os gostos, então vamos focar no que interessa aqui: as pesquisas relacionadas a bebês, crianças, criação de filhos. Um exemplo: na época em que eu nasci a orientação era colocar os bebês para dormirem de bruços, hoje sabe-se que isso é perigoso e a orientação é que os bebês durmam de barriga para cima. O que mudou de lá para cá? Porque a minha geração sobreviveu ao "dormir de bruços" e não posso fazer o mesmo com meus filhos? Vamos ampliar um pouco o horizonte para entender isso. Eu, os meus primos e irmãos sobrevivemos, mas a filha da vizinha não, nem o filho da sua comadre e o bebê daquele seu amigo. Agora imagine se você pudesse analisar os dados de milhares de bebês nascidos na mesma época, até mesmo em países diferentes, e daí você descobre que 80% das mortes aconteceram enquanto os bebês dormiam de bruços. Isso é um tipo de pesquisa científica: a análise de dados com o objetivo de descobrir um ponto em comum, a causa de um problema.


A pesquisa tem um resultado, uma evidência, mas, preste atenção: em nenhum momento se faz afirmações do tipo "se fizer isso VAI acontecer aquilo" - as pesquisas apontam riscos e tendências, por isso acho graça quando vejo algumas mães comentando coisas do tipo "essas pesquisas 'não têm nada a ver', eu fiz diferente e deu certo". Ah, então vamos à outro exemplo: "se a mulher fumar na gravidez corre o RISCO de ter um bebê com problemas respiratórios": várias pesquisas comprovam esse RISCO. Aí a sua vizinha fumou e teve um "bebê bom", então por causa disso, desse caso específico, você vai fumar também? 

Será que faz sentido você considerar um ou poucos casos de sucesso contra outros milhares casos de problema comprovados? Nossa intenção aqui é fazer as pessoas, especialmente mães e pais, olharem para fora do quadrado, fora do seu mundinho. Sei que existe uma forte tendência de se criar os filhos da mesma forma que pessoas próximas, afinal é a referência palpável que temos, mas você já parou para pensar que fazer tudo igual nem sempre é o melhor? E o que isso tem a ver com evidências científicas? Muitas delas chegam a conclusões que batem de frente com a nossa cultura e costumes, por isso existe muita resistência em aceitá-las: é comum as pessoas até duvidarem da veracidade das pesquisas porque, afinal de contas, não aconteceu nenhum caso perto de nós, né. Sobre as evidências científicas que desafiam nossos costumes, cabe citar o exemplo da dupla chupeta e mamadeira, as vilãs da amamentação.
As evidências científicas comprovam que elas atrapalham a amamentação, mas muita mãe ainda não acredita, talvez por não ter visto um caso próximo (ou simplesmente prefere correr o risco). Sabe aquela sua amiga que disse que não teve leite? Você já perguntou a ela se ela ofereceu chupeta e/ou mamadeira para o filho? Provavelmente ela vai dizer que sim, mas... Ela prefere acreditar que o corpo dela não foi capaz de produzir leite, acreditar que a natureza é imperfeita... Aí mora o grande perigo de não conhecer ou não acreditar nas evidências científicas: a pessoa tenta achar motivos "por conta", tira conclusões sozinha, e, claro, chega a conclusões erradas, e repassa essas conclusões erradas para amigos próximos que estão na mesma situação, e a coisa vai se multiplicando como se fosse verdade... Triste isso, concorda? Mais triste ainda, na minha opinião, é ver médico que desconsidera totalmente as evidências científicas. Já foi comprovado, por exemplo, que oferecer chás e água pode atrapalhar a amamentação de recém-nascidos. Aí o doutor receita um "cházinho", a mãe questiona e ele responde: "criei meus 3 filhos desse jeito, então dá certo". 

Ah, então ele está conduzindo um diagnóstico profissional baseado na experiência particular dele, e não nas evidências científicas? Uau - se é para me consultar desse jeito então não preciso de médico, prefiro bater um papo com as minhas comadres, afinal elas criaram cinco filhos, e esse médico criou só três. Você também pode estar se perguntando se o termo "evidência científica" é modismo - vamos lhe mostrar que não. Antigamente você ficava sabendo dos últimos resultados das pesquisas científicas através dos médicos. O "doutor" viajava para participar de um congresso, se atualizava com as últimas novidades, voltava para o consultório com um baita certificado de participação e passava a orientar os pacientes com as novidades que ouviu no congresso. Antigamente era assim e hoje continuam existindo congressos, mas... Ninguém mais precisa esperar o "doutor" voltar da viagem para saber o resultados de pesquisas científicas, já que grande parte delas está disponível na internet - aí é que está a novidade (por isso algumas pessoas ainda acham que este termo é novo, ou acham que é moda). Muita gente fica te olhando com aquela cara de "O que é isso meu Deus?" quando você fala em evidências científicas, como se você fosse um ET, sem perceber que isso é coisa das antigas - só não se costumava usar o termo antigamente (apenas falávamos que agora o "doutor" recomenda fazer assim ou assado). Vamos voltar na história do ovo vilão e ovo mocinho - enfim, para quais pesquisas devemos dar crédito? Bom, para começo de conversa, existem mesmo pesquisas que contestam resultados antigos - ainda bem, sinal de que continuamos evoluindo. Mas e aí, para que lado correr?
Na minha opinião o melhor é procurar as evidências que, de tanto que já foram comprovadas, passaram a ser incentivadas por órgãos sérios - por exemplo, a Organização Mundial de Saúde ou o Ministério da Saúde. Quer pesquisar na internet? Existem sites sérios que mostram evidências científicas e até alguns blogs, como o Cientista Que Virou Mãe, blog do Cacá, blog do Ricardo Jones, blog da Dra Melania Amorim, entre muitos outros. Sabe aquele recadinho que a Anvisa mandou colocar em todas as chupetas: "A criança que mama ao peito não necessita de mamadeira, bico ou chupeta. O uso da mamadeira, bico ou chupeta prejudica a amamentação e seu uso prolongado prejudica a dentição e a fala da criança."?, pois é, este recado ainda é muito modesto - espero que no futuro seja algo mais agressivo, como já fazem com as embalagens de cigarros. E a linda propaganda sobre amamentação que aparece na TV, dizendo "A Organização Mundial de Saúde recomenda amamentação exclusiva até os 6 meses e prologada por até 2 anos ou mais". Pois então - um dia desses eu ouvi de uma médica a seguinte pergunta: "Sua filha já tem mais de 1 ano - porque você ainda está amamentando?". Eu fiz cara de paisagem e fiquei com vontade de responder: "Doutora, isso é o que a OMS recomenda, sabia? A senhora não fez nenhuma atualização desde que se formou, não participou de nenhum congresso?". Infelizmente não tive coragem de dar a resposta acima para a doutora, mas bem que ela merecia.

Daí fico pensando - se até médicos andam ignorando as evidências, não podemos nos surpreender com os pobres leigos, que muitas vezes nem têm acesso a outras fontes de informação. Para você que gosta de participar de discussões (reais ou virtuais) aí vai uma dica para não pagar mico: da próxima vez que você resolver entrar numa discussão, pense umas 20 vezes antes de contestar uma evidência científica - se é EVIDÊNCIA então já foi PROVADA pela CIÊNCIA, logo estes assuntos não deveriam nem ser discutidos tomando como base experiências individuais. Quer um exemplo? Vamos fechar com um dos nossos preferidos: colo não faz mal para bebês, não os deixa mal acostumados, nem dependentes, e não faz os bebês se tornarem pequenos tiranos. Se você ainda tem dúvidas, deixe os achômetros de lado e procure as evidências científicas, mas pode começar olhando em volta: você conhece alguma pessoa que foi mal criada ou se tornou um delinquente por excesso de colo? Eu não conheço - todos os casos que vi estão relacionados a falta de limites na educação, que é muito diferente de excesso de colo.

sábado, 8 de setembro de 2018

"Mamãe, eu vou morrer um dia?!" - A criança, a morte e o medo de morrer

"Mamãe, eu vou morrer um dia?!"
 A criança, a morte e o medo de morrer

Eu geralmente falo com naturalidade sobre a morte com minha filha. Ela tem três anos e muitos achariam cedo demais para tocar no assunto. Não é um assunto que eu “puxo”, mas ele acontece e eu respondo com verdade. “O que é isso?” ela aponta para um refrigerador no mercado “são porquinhos mortos filha, algumas pessoas comem eles, nós não, preferimos eles vivos”; --- Ela anda numa fase muito ligada a roupas, adora olhar seu armário de vestidos “... e esse vestido mamãe, quem me deu?” – “Esse vestido é especial, sua bisa que fez com as mãos dela, pra você, ela te amava muito” – “a bisa que morreu mamãe? Por que ela morreu?” – “por que ela estava muito velhinha, é normal morrer, é algo que acontece.”
Não trato a morte como algo mórbido. É triste, claro. Mas penso que a perda de contato com a realidade ‘normal’ da morte, bem como do nascimento afastou-nos de uma oportunidade de encarar isso com menos dor. Artificializamos o nascimento, alguns hospitais chegam a ter taxas de 98% de cesarianas. Não conseguimos mais olhar pra uma gestante e para um parto como algo absolutamente normal que acontece, temos medo, queremos controlar. O mesmo com a morte. Não queremos falar a respeito, tentamos controlar, não aceitamos, e com isso tudo acabamos por sofrer mais. Sufocamos a dor, nos enchemos de tabus, enterramos os sentimentos, adoecemos...
Quando eu era adolescente por um tempo eu fiquei muito interessada no assunto “morte”. Fui ler o livro tibetano dos mortos, as teorias do espiritismo, da teosofia, do hinduísmo, do cristianismo. Eu queria entender como cada um encara a morte, e o pós morte. Se todos nascemos, todos morremos. Não falar sobre isso não fará doer menos, pelo contrário. Alguns encontram conforto espiritual, outros não; mas precisamos de mecanismos para lidar com o luto. Escrevemos cartas de despedida, temos sonhos simbólicos, arrumamos quartos, enterramos. Tocamos a música favorita do falecido, montamos um mural de fotos, contamos uma história sobre seus feitos em vida. E o que fica de importante é tudo que aquela pessoa foi em vida para nós.
Eu sempre falei com naturalidade de morte com minha filha. Ontem ela me surpreendeu com uma dúvida e dor sinceras. “Eu vou morrer um dia mamãe?” Isso foi um teste! Minha vontade era abraçar e dizer “não vai morrer filha”. Mas não podia mentir”. Meus olhos se encheram de lágrimas e disse “vai filha, um dia você vai morrer, mas vai levar muito tempo, não se preocupe” (claro, eu não sei disso, mas espero que ela morra de velhinha, igual sua bisa, e tenha uma vida cheia de significado!)
Ela chorou, ela chorou sentida, lágrimas absolutamente sinceras e tristes. “Eu não quero morrer mamãe”. – Ela tem 3 anos e 7 meses, me peguei pensando se eu deveria ter mentido...

Coloquei ela no meu colo e senti suas lágrimas pingando, seu corpo curvado, entregue a um sentimento real. Lembrei-me de uma palestra que vi do velejador Amyr Klink, em que ele conta como a morte é o maior dos professores no mar, pois você aprende (a velejar, a ler as estrelas, a economizar comida, a manejar a vela, o que for) por necessidade de sobrevivência. A iminência da morte torna a vida um aprendizado extremamente presente e real. Não preciso citar aqui histórias lindas de quem recebeu um diagnóstico terrível e passou a “aproveitar a vida” muito melhor. O cinema é cheio dessas histórias. Eu pessoalmente nunca vivi isso, posso apenas cogitar...
Enfim! Lembrei-me das palavras de Amyr e embalei minha filha no meu colo. Enchi seu cabelo de beijos e contei pra ela todas as coisas lindas que ela poderia fazer da vida dela. E que morrer era normal, mas que ela não precisava ter medo. Que ela tinha muito a viver ainda e que estaríamos juntas. Dei exemplos de tudo que ela poderia ser na vida, e que ela cresceria e se transformaria numa mulher incrível, e que ela ainda tinha muito a aprender e viver, e como eu queria que ela tivesse uma vida muito boa e cheia de amor, pois ela já é muito amada. Ela soluçou e mais lágrimas caíram na minha perna “eu não quero morrer mamãe”. E eu abracei ela forte e disse “eu sei filha, eu também não” e a chamei pra aproveitar a vida que temos hoje e fomos passear!
A tristeza passou, foi um momento, foi um instante que ela tomou consciência de que a morte existe. Suas lágrimas foram tristes e genuínas. Eu não saberia inventar mentiras para ela. Talvez seja cedo demais ela pensar sobre isso, mas simplesmente ‘surgiu’ o assunto. Espero que ao entender como todos morremos, ela saiba preencher-se de vida em todos os momentos e experiências que ela tiver. E que ela aprenda muito com cada oportunidade dessa vida. Quando a gente morre, o que importa é a vida que tivemos, e tudo que nos transformou e ajudamos a transformar.

sábado, 1 de setembro de 2018

Criei uma Aldeia, mas não sou chefe de tribo.


Criei uma Aldeia, mas não sou chefe de tribo. 
Rede de apoio entre mães!

 3 anos de aldeia! Obrigada a todas! A Aldeia não foi nada de mais, apenas uma mãe que cansou de se sentir sozinha, e outras mães que responderam! Para encontrarmos ajuda, basta pedirmos! Muito obrigada pelos anos de companhia, e pelas amizades que se formaram, seja comigo, sejam outras entre si! É lindo de ver! De uma intenção de união, muitas coisas bonitas podem surgir! - Alaya Dullius


Foi uma necessidade, uma necessidade minha. Querem que sejamos ‘mulher-maravilha’. Mas pouco se fala da profunda solidão materna. 

Claro, existe a solidão relativa ao luto de si mesma, o deixar de ser o que se era, se descobrir outra pessoa, sentir saudades do que fomos, do que tínhamos... Eu já era doula formada quando me tornei mãe, já havia lidos os manuais, já havia até ordenhado o leite de outras mães, antes mesmo de sentir o leite jorrando de dentro de mim! Eu tinha os recursos, o conhecimento, eu não tinha gente para estar comigo! 

Recém-mudada de cidade, numa cidade onde eu não me identificava, com o marido tendo voltado a trabalhar, a família longe; precisei, precisei de gente, de outras mulheres, outras mães, para partilhar a vida. 

Meus dias eram preenchidos com a bebê. Amamentar, trocar, banho, sono, amamentar, choro. Era um looping eterno de bebê, corre o risco da gente pirar! Eu saia de casa, ia ao mercado, à padaria, bebê devidamente amarrada no sling. Gostava de dar oi pro padeiro, falar com a caixa do mercado, queria falar com outros adultos de vez em quando. Passava o dia lambendo cria e conversando com bebê. 

Era ótimo! Não me entendam mal! Era tudo que eu sempre quis! Mas faltava algo, faltava outras pessoas. Alguém pra dizer “oi também estou aqui, também estou nessa”, ou “sabem receita de pão de queijo sem leite?!”. Alguém pra dizer “alguém ai acordada de madrugada pra bater um papo?”. Ou simplesmente pra me recomendar uma boa costureira, ou onde encomendar um bolo, ou desabafar a falta de sentido de todas as lojas de produtos para bebês serem categorizados entre ‘de menino’ e ‘de menina’! 

Não queria posts profundos em um grupo sério e comprometido no facebook, queria dizer “nossa hoje a fralda vazou, derramei o leite ordenhado, queimei o arroz mas ta tudo bem, vai passar!” – uma coisa humana, cotidiana, de mães com mães, entre mulheres, possíveis amigas, uma aldeia. 

Foi assim que surgiu, em Setembro de 2015. Convidei outras grávidas e mães recentes e não enchi de regras e moderação. A regra era simples: respeito. Apoiamos o parto normal, apoiamos a amamentação; use o grupo, participe, entre na conversa, pegue o bonde andando, desabafe, fale do marido, da sogra, da mãe, peça ajuda, tire dúvida, fale de cólicas, de fraldas, do cabelo caindo. Pode até pedir indicação de marceneiro! Estamos aqui juntas. Responderá quem puder, conversará quem quiser.

Claro que reunir um grupo heterogêneo de mulheres no puerpério sempre tem seus probleminhas, mas por muito tempo vi algo lindo acontecer. Vi apoio real, desabafo real, compartilhamento de dicas. Eu ajudava com o conhecimento que eu tinha já do trabalho com gestantes (outras também ajudavam em suas expertises!) -- elas me ajudavam com dialogo, amizade, presença no cotidiano. Aprendi muito também! E juntas muitas de nós crescemos.
Logo chegamos a 100 membros, na maior parte do tempo fomos 200 mães. Bebês de 0 a 3 anos, a maioria. E dali surgiram amizade reais, e outros grupos se derivaram! Eu achava lindo! É a vida, relações e afinidades, da aldeia outras aldeias se criaram, pessoas se encontraram! Grupos para introdução alimentar, dieta, encontrinhos. As mães iam se afinizando muitas vezes pela idade de seus filhos, mesma fase, mesmos desafios, mesma solidão. 

Tivemos alguns grandes encontros. Um no aniversário de dois anos da minha filha. Outro no aniversário de uma das mães que faz bolos deliciosos! O salão do prédio dela ficou lotado de bebês pelo chão e mães conversando! Encontrinhos na pracinha, piqueniques, desabafos não faltaram! Tivemos até uma super festa de Halloween no prédio de uma das mães, todo mundo foi fantasiado! 

Eu queria que fosse um local onde as mães pudessem recorrer sem medo (e sem propagandas de venda de roupas e outras coisas que poluem nosso dialogo). Claro que houveram problemas, contudo, algumas das ações mais lindas eu vi surgindo a partir da Aldeia de Mães de São José dos Campos! 

Coisas simples e outras muito sérias! Um empréstimo de muleta para uma mãe que quebrou o pé, um empréstimo vindo de uma desconhecida... Uma carona pra uma mãe presa com o bebê na chuva. Fui ajudada quando tive uma úlcera no olho e precisei de ajuda com um oftalmologista! Mas outras coisas aconteceram. 

Uma mãe da Aldeia descobriu que a prima de 17 anos estava grávida. Acolhemos a jovem mãe. Organizaram um chá de bebê surpresa para ela! Com bolo e presentes e muitas fraldas. Um monte de desconhecidas mobilizadas por solidariedade a uma mãe! Foi bonito de ver!
Tivemos ajuda com rifas para pagar o parto de uma, troca de consulta com a mesma pediatra por que o filho de outra tinha mais urgência, anúncio de onde tinha promoção de fralda na cidade! E muita, muita escuta!

O que foi mais emocionante para mim foi a corrente de amor em torno da Raquel, mãe da Lais. Uma mãe da Aldeia que descobriu uma leucemia quando sua bebê tinha apenas uns 8 meses! Choramos com ela, visitamos, organizamos campanha de doação de sangue quando ela foi internada e precisou muito! (o mérito não é meu! É dessas mães lindas que se mobilizaram). Foi compaixão genuína, generosa, de uma mãe se colocando no lugar da outra! Ela nos deixou, e a Aldeia ficou em Luto. Depois muitas ali, juntas, organizaram uma festinha de aniversário para a Lais, que completou um ano pouco tempo após a partida de sua mãe. Ali Lais ganhou muito colo, e seu pai muitos abraços. Ali foi uma Aldeia de amor. 


Na Aldeia mulheres encontram amigas, encontraram irmãs. Encontraram suas doulas, consultoras de amamentação. Encontraram convergências, e opiniões diferentes também! Era um lugar onde a gente não se sentia diferente, "mãe chata". Foi onde mães descobriram que são normais, que suas angustias e inseguranças são as de todas, que não estão fazendo nada errado, e principalmente, que “vai passar”! 

Essa é minha homenagem à aldeia que reuni, não tem torno de mim, mas comigo!
Hoje já não me sinto tão parte dela, mas sei que por três anos foi auxílio, apoio e escuta para muita gente! Muita gente passou e deixou sua marca positiva! Muita gente ficou. Memórias se criaram. Torço que a experiência tenha valido! Valeu pra você?



Deixo o depoimento de algumas mães: 

1. “Eu fico até emocionada tentando dizer o que essa Aldeia representa pra mim! Não estou em nenhuma das fotos, mas vejo pessoas tão maravilhosas que me acolheram sempre! Não tem como esquecer a primeira pessoa que me acolheu X pela qual tenho muito carinho, ela nem deve lembrar pq foi instintivo ajudar uma recém mãe super perdida, recém parida! Sou grata a ela e a tantas outras queridas e amadas sempre em meu coração”

2. “Essa Aldeia me recebeu de braços abertos numa cidade nova em que eu não tinha rede de apoio e se tornou minha rede de apoio, minhas amigas, minha família
São minha companhia nas madrugadas acordadas, nas discussões com marido, nas dificuldades da maternidade
São mulheres porreta que abrem minha mente diariamente para temas que nem me imaginava discutindo
Obrigada X por me trazer pro grupo, obrigada a todas as amizades feitas ali e obrigada a todo mundo que me acolheu sempre!”

3. “Obrigada por me acolher nos momentos de dúvidas maternas e existenciais! Graças ao grupo o puerpério se tomou mais leve!!”

4. “eu sou tão grata de ter estado lá desde o começo! Acho que o que mais fez por mim era saber que eu não estava sozinha. Que tudo o que eu sentia e passava era normal. Mesmo não estando fisicamente na maioria dos encontros sempre encontrei apoio e empatia. Não imagino minha maternidade sem essa troca! Muito obrigada! ❤”” Fora as amizades lindas e reais que pude fazer! É tanta coisa boa pra falar!”

5. “A aldeia pra mim que estive desde o início até pouco tempo atrás, foi um lugar de acolhimento. Um local onde eu não era a "diferentona". Na aldeia recebi apoio, afeto e desenvolvi amizades reais. Sou grata por ter uma maternidade mais leve. Sou grata por toda partilha e confiança dada e recebida.”

6, “E como eu sou grata por você ter cruzado o meu caminho de maneira tão especial e ter me apresentado este grupo tão acolhedor! Mil obrigadas!”

7. “Foi tudo de bom em todo meu puerpério e quando tive que desmamar, putz sem palavras pra dizer o quanto foi incrível esse grupo de mães.”

8. “Ter uma rede de acolhimento, trocar vivências, ter empatia, aprender, desabafar, mudar de opinião...tudo isso aconteceu comigo, e foi bom e importante! Além de fazer amizades para o dia a dia. Tornou a maternidade mais leve e com menos culpa.”

9.“Sou só gratidão por esse grupo.
Fui acolhida num momento tão difícil e novo da minha vida.
Aprendi muito, fiz grandes amigas, dividi alegrias e dores.
Lendo as mensagens, me sinto muito feliz por ter conseguido acolher outras mulheres também. Por ter feito a diferença na vida de vcs.
Obrigada. Obrigada. Obrigada.”

10. “Sou muito feliz por poder participar dessa aldeia, faz diferença na minha vida e contribui para minha evolução como mãe e como pessoa.
Nela aprendo de tudo, divido meus momentos, me sinto apoiada e chamada para diversas reflexões
Sou grata de mais a cada uma!”


11. “Ahhh é uma rede linda de apoio, de mulheres q se entendem e se acolhem, lá desde o comecinho eu partilhei meu segundo puerpério , senti o apoio de cada uma e o acolhimento q eu precisei... foi um encontro especial com amigas de vida real e outras da virtual, que me ajudou no entender do quanto uma rede vai se transformando e acolhendo e se transformando e caminhando pra muitos lados, tornando parte da vida daquelas q partilham ali... <3

12. “A Aldeia é um lugar onde não me sinto a "diferentona", é onde existem pessoas que compartilham das mesmas opiniões e ideias que eu. Um grupo que tornou minha maternidade mais leve, onde só tem mulher FODA.”

13. “ A Aldeia pra mim é uma grande troca, troca de vivências, de experiências, de aflições, de angústias, de alegrias, de babações nas crias, de comemorações pelas conquistas - sejam elas grandes ou pequeninas-. É acolhimento, é colo e um aprendizado constante. Obrigada mulheres por fazerem da maternidade um pouco mais leve, e por me trazerem tantas reflexões. Eu acredito na Aldeia e sei que juntas somos mais fortes.”

14 .“Só posso agradecer!!!! Essas mulheres compartilharam e ainda compartilham comigo momentos bons e momentos de preocupação, cansaço! A melhor rede de apoio q eu poderia ter. Muitas amizades”

15. “A aldeia é o lugar q mtas vezes me acho, me escuta e me faz escutar, onde se troca experiências e aprendizados... onde encontro esperança em que estamos criando uma geração melhor...”

16. "Aldeia é onde seu coração se sente em casa."
Obrigada Alaya por eu ter encontrado, graças a vocês, minha "casa" nesta cidade.”

17. “A vida é feita de movimento e eu sou grata pelo seu impulso inicial de criar um grupo tão rico. Eu me lembro bem, lá no início, quando fui adicionada. Foi um misto de alívio com sensação de pertencimento. Já me vi muitas vezes como um peixe fora d’água e lá eu posso ser eu mesma e também me redescobrir. Foi lá que encontrei um lugar em São José dos Campos, um lugar além da família do meu marido ou das pessoas que conheci através dele. Vocês, mais do que nunca, foram a consequência do que ressoei pro mundo! Meu puerpério foi sabático e ali encontrei forças pra seguir no meu propósito com o parto domiciliar, com a amamentação, com a cama compartilhada e tudo o mais que uma maternidade consciente convida. É ali que eu me vejo nas recém mães e também ali que consigo olhar pro meu percurso e ter muito orgulho de mim. ❤️ Somos mais fortes juntas!”

18. “Aldeia pra mim foi um encontro com minha tribo. Obrigada a todas as que dedicaram seu tempo e afeto pra acolher as minhas dúvidas e medos. Fez muita diferença no meu puerpério, trouxe mais sanidade e leveza. Obrigada pelo convite, Obrigada pelas partilhas de cada dias mulheres lindas!”

19. "Aldeia foi um divisor de águas, existe um eu antes e outra depois. Sou muito grata pq em um momento difícil da minha vida fui acolhida por vcs.”

20. “Tao difícil expressar em palavras o quanto foi importante esse grupo quando vc criou Alaya estava no começo da humanização nao sabia nem o que era puerpério estava no segundo filho onde o primeiro foi cesária desnecessaria...vcs me ajudaram tanto me ouviram os gritos de uma mulher com dor...dor de um marido pedindo mais de uma mãe que havia de renascer que tantas descobertas estavam a flor da pele a todo vapor e não sabia lidar com tudo isso.
Sou grata a todas pelo acolhimento, sou grata pelo abraço que recebia a cada momento fragilizado e dolorido que estava vivendo.”

21. “A aldeia sempre me teve gosto de minha casinha. No começo eu me sentia "a convencional" no meio das diferentonas. E mesmo vindo da "oldschool" do " não morri por causa disso" sempre me senti acolhida e respeitada mesmo tendo divergências de opiniões. A Aldeia me cativou, me conquistou e me fez melhorar em diversos aspectos, principalmente como mãe.
Por isso acredito na sua missão de acolher mães. Se queremos ter.um mundo mais justo e suave devemos praticá-lo e darmos exemplo. Eu melhorei com a aldeia, ela me moldou pela acolhida que me teve. Por isso continuo nela. Luto por ela, acredito na aldeia como um espaço de troca e transformação através da acolhida. E mesmo sendo já uma índia velha das teta caída sem leite, me disponho a estar lá e acolher toda e qualquer mãe.
Pq nosso mantra é " isso também passará" e passa mesmo. Só fica o q foi impresso na alma da outra mulher.”

22. “Mto grata pela aldeia. Não tenho contato pessoalmente, porém é o lugar que me senti acolhida em relação às minhas angustias. É poder falar e compartilhar sem julgamentos. É saber que não estou sozinha lutando por um mundo melhor para minha filha. Preciso conseguir sair um pouco do virtual e conhecê-las melhor pessoalmente... Obrigada por td! Gratidão, amor, acolhimento e pertencimento definem um pouco esse grupo”.




23. “Pra mim foi aquele respiro inicial depois de um mergulho bem profundo. Aquele ar fresquinho que me ajudou a seguir em frente.”


24. “Na Aldeia eu pude perceber que não estou sozinha... Na maternagem, em SJC, nos questionamentos diários... Onde encontro apoio, conselhos, consolo, trocas... Muito grata por conhecer vcs!”

25. “Aprendi muito, me socorri sempre que precisei por uma febrinha ou uma dúvida, concordei ou discordei de assuntos que me eram interessantes ou não, admirei algumas mulheres que me inspiraram, me encontrei como mãe nesta tribo, nesta aldeia diferentona, que tb considero minha."

26. "A Aldeia me deu força e motivação para eu viver uma maternidade com meus propósitos, com valores baseados na minha família e escolha, e não em propagandas e idealizações. Com a aldeia me senti apoiada, acompanhada, acolhida nas questões do puerpério que não é tratada correntemente pela sociedade. Assim, eu e meus filhos pudemos sentir mais amor, presença e alegria diante das mudanças que 1 ou mais filhos provocam na vida. Todos estão se adaptando. Além disso tudo, eu aprendi tanto sobre a vida pq compartilhamos diversas coisas com confiança e segurança. Só tenho a agradecer a oportunidade de estar na Aldeia. É incrível como ela mexe em cada integrante e permite com que sejamos cada vez melhor , impulsionadas pelo amor. Viva a Aldeia!"

27. "No meu puerpério foi a minha salvação. Um lugar onde me entendiam, onde encontrei apoio!!! Já não me sentia tão só!!!"


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