sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O que são as tais evidências científicas? (ou "fiz assim e meu filho não morreu")

O que são as tais evidências científicas?
Guest Post por Fernanda Rezende da Silva
(meus agradecimentos pelo texto maravilhoso!)
  O que são as tais evidências científicas? Porque temos tanta resistência em aceitá-las? Você já deve ter ouvido falar em pesquisas científicas de todo tipo: uma pesquisa diz que comer ovo faz mal à saúde, aí tempos depois vem outra e faz o ovo vilão virar mocinho... Existem pesquisas de todos os tipos e para todos os gostos, então vamos focar no que interessa aqui: as pesquisas relacionadas a bebês, crianças, criação de filhos. Um exemplo: na época em que eu nasci a orientação era colocar os bebês para dormirem de bruços, hoje sabe-se que isso é perigoso e a orientação é que os bebês durmam de barriga para cima. O que mudou de lá para cá? Porque a minha geração sobreviveu ao "dormir de bruços" e não posso fazer o mesmo com meus filhos? Vamos ampliar um pouco o horizonte para entender isso. Eu, os meus primos e irmãos sobrevivemos, mas a filha da vizinha não, nem o filho da sua comadre e o bebê daquele seu amigo. Agora imagine se você pudesse analisar os dados de milhares de bebês nascidos na mesma época, até mesmo em países diferentes, e daí você descobre que 80% das mortes aconteceram enquanto os bebês dormiam de bruços. Isso é um tipo de pesquisa científica: a análise de dados com o objetivo de descobrir um ponto em comum, a causa de um problema.


A pesquisa tem um resultado, uma evidência, mas, preste atenção: em nenhum momento se faz afirmações do tipo "se fizer isso VAI acontecer aquilo" - as pesquisas apontam riscos e tendências, por isso acho graça quando vejo algumas mães comentando coisas do tipo "essas pesquisas 'não têm nada a ver', eu fiz diferente e deu certo". Ah, então vamos à outro exemplo: "se a mulher fumar na gravidez corre o RISCO de ter um bebê com problemas respiratórios": várias pesquisas comprovam esse RISCO. Aí a sua vizinha fumou e teve um "bebê bom", então por causa disso, desse caso específico, você vai fumar também? 

Será que faz sentido você considerar um ou poucos casos de sucesso contra outros milhares casos de problema comprovados? Nossa intenção aqui é fazer as pessoas, especialmente mães e pais, olharem para fora do quadrado, fora do seu mundinho. Sei que existe uma forte tendência de se criar os filhos da mesma forma que pessoas próximas, afinal é a referência palpável que temos, mas você já parou para pensar que fazer tudo igual nem sempre é o melhor? E o que isso tem a ver com evidências científicas? Muitas delas chegam a conclusões que batem de frente com a nossa cultura e costumes, por isso existe muita resistência em aceitá-las: é comum as pessoas até duvidarem da veracidade das pesquisas porque, afinal de contas, não aconteceu nenhum caso perto de nós, né. Sobre as evidências científicas que desafiam nossos costumes, cabe citar o exemplo da dupla chupeta e mamadeira, as vilãs da amamentação.
As evidências científicas comprovam que elas atrapalham a amamentação, mas muita mãe ainda não acredita, talvez por não ter visto um caso próximo (ou simplesmente prefere correr o risco). Sabe aquela sua amiga que disse que não teve leite? Você já perguntou a ela se ela ofereceu chupeta e/ou mamadeira para o filho? Provavelmente ela vai dizer que sim, mas... Ela prefere acreditar que o corpo dela não foi capaz de produzir leite, acreditar que a natureza é imperfeita... Aí mora o grande perigo de não conhecer ou não acreditar nas evidências científicas: a pessoa tenta achar motivos "por conta", tira conclusões sozinha, e, claro, chega a conclusões erradas, e repassa essas conclusões erradas para amigos próximos que estão na mesma situação, e a coisa vai se multiplicando como se fosse verdade... Triste isso, concorda? Mais triste ainda, na minha opinião, é ver médico que desconsidera totalmente as evidências científicas. Já foi comprovado, por exemplo, que oferecer chás e água pode atrapalhar a amamentação de recém-nascidos. Aí o doutor receita um "cházinho", a mãe questiona e ele responde: "criei meus 3 filhos desse jeito, então dá certo". 

Ah, então ele está conduzindo um diagnóstico profissional baseado na experiência particular dele, e não nas evidências científicas? Uau - se é para me consultar desse jeito então não preciso de médico, prefiro bater um papo com as minhas comadres, afinal elas criaram cinco filhos, e esse médico criou só três. Você também pode estar se perguntando se o termo "evidência científica" é modismo - vamos lhe mostrar que não. Antigamente você ficava sabendo dos últimos resultados das pesquisas científicas através dos médicos. O "doutor" viajava para participar de um congresso, se atualizava com as últimas novidades, voltava para o consultório com um baita certificado de participação e passava a orientar os pacientes com as novidades que ouviu no congresso. Antigamente era assim e hoje continuam existindo congressos, mas... Ninguém mais precisa esperar o "doutor" voltar da viagem para saber o resultados de pesquisas científicas, já que grande parte delas está disponível na internet - aí é que está a novidade (por isso algumas pessoas ainda acham que este termo é novo, ou acham que é moda). Muita gente fica te olhando com aquela cara de "O que é isso meu Deus?" quando você fala em evidências científicas, como se você fosse um ET, sem perceber que isso é coisa das antigas - só não se costumava usar o termo antigamente (apenas falávamos que agora o "doutor" recomenda fazer assim ou assado). Vamos voltar na história do ovo vilão e ovo mocinho - enfim, para quais pesquisas devemos dar crédito? Bom, para começo de conversa, existem mesmo pesquisas que contestam resultados antigos - ainda bem, sinal de que continuamos evoluindo. Mas e aí, para que lado correr?
Na minha opinião o melhor é procurar as evidências que, de tanto que já foram comprovadas, passaram a ser incentivadas por órgãos sérios - por exemplo, a Organização Mundial de Saúde ou o Ministério da Saúde. Quer pesquisar na internet? Existem sites sérios que mostram evidências científicas e até alguns blogs, como o Cientista Que Virou Mãe, blog do Cacá, blog do Ricardo Jones, blog da Dra Melania Amorim, entre muitos outros. Sabe aquele recadinho que a Anvisa mandou colocar em todas as chupetas: "A criança que mama ao peito não necessita de mamadeira, bico ou chupeta. O uso da mamadeira, bico ou chupeta prejudica a amamentação e seu uso prolongado prejudica a dentição e a fala da criança."?, pois é, este recado ainda é muito modesto - espero que no futuro seja algo mais agressivo, como já fazem com as embalagens de cigarros. E a linda propaganda sobre amamentação que aparece na TV, dizendo "A Organização Mundial de Saúde recomenda amamentação exclusiva até os 6 meses e prologada por até 2 anos ou mais". Pois então - um dia desses eu ouvi de uma médica a seguinte pergunta: "Sua filha já tem mais de 1 ano - porque você ainda está amamentando?". Eu fiz cara de paisagem e fiquei com vontade de responder: "Doutora, isso é o que a OMS recomenda, sabia? A senhora não fez nenhuma atualização desde que se formou, não participou de nenhum congresso?". Infelizmente não tive coragem de dar a resposta acima para a doutora, mas bem que ela merecia.

Daí fico pensando - se até médicos andam ignorando as evidências, não podemos nos surpreender com os pobres leigos, que muitas vezes nem têm acesso a outras fontes de informação. Para você que gosta de participar de discussões (reais ou virtuais) aí vai uma dica para não pagar mico: da próxima vez que você resolver entrar numa discussão, pense umas 20 vezes antes de contestar uma evidência científica - se é EVIDÊNCIA então já foi PROVADA pela CIÊNCIA, logo estes assuntos não deveriam nem ser discutidos tomando como base experiências individuais. Quer um exemplo? Vamos fechar com um dos nossos preferidos: colo não faz mal para bebês, não os deixa mal acostumados, nem dependentes, e não faz os bebês se tornarem pequenos tiranos. Se você ainda tem dúvidas, deixe os achômetros de lado e procure as evidências científicas, mas pode começar olhando em volta: você conhece alguma pessoa que foi mal criada ou se tornou um delinquente por excesso de colo? Eu não conheço - todos os casos que vi estão relacionados a falta de limites na educação, que é muito diferente de excesso de colo.

sábado, 8 de setembro de 2018

"Mamãe, eu vou morrer um dia?!" - A criança, a morte e o medo de morrer

"Mamãe, eu vou morrer um dia?!"
 A criança, a morte e o medo de morrer

Eu geralmente falo com naturalidade sobre a morte com minha filha. Ela tem três anos e muitos achariam cedo demais para tocar no assunto. Não é um assunto que eu “puxo”, mas ele acontece e eu respondo com verdade. “O que é isso?” ela aponta para um refrigerador no mercado “são porquinhos mortos filha, algumas pessoas comem eles, nós não, preferimos eles vivos”; --- Ela anda numa fase muito ligada a roupas, adora olhar seu armário de vestidos “... e esse vestido mamãe, quem me deu?” – “Esse vestido é especial, sua bisa que fez com as mãos dela, pra você, ela te amava muito” – “a bisa que morreu mamãe? Por que ela morreu?” – “por que ela estava muito velhinha, é normal morrer, é algo que acontece.”
Não trato a morte como algo mórbido. É triste, claro. Mas penso que a perda de contato com a realidade ‘normal’ da morte, bem como do nascimento afastou-nos de uma oportunidade de encarar isso com menos dor. Artificializamos o nascimento, alguns hospitais chegam a ter taxas de 98% de cesarianas. Não conseguimos mais olhar pra uma gestante e para um parto como algo absolutamente normal que acontece, temos medo, queremos controlar. O mesmo com a morte. Não queremos falar a respeito, tentamos controlar, não aceitamos, e com isso tudo acabamos por sofrer mais. Sufocamos a dor, nos enchemos de tabus, enterramos os sentimentos, adoecemos...
Quando eu era adolescente por um tempo eu fiquei muito interessada no assunto “morte”. Fui ler o livro tibetano dos mortos, as teorias do espiritismo, da teosofia, do hinduísmo, do cristianismo. Eu queria entender como cada um encara a morte, e o pós morte. Se todos nascemos, todos morremos. Não falar sobre isso não fará doer menos, pelo contrário. Alguns encontram conforto espiritual, outros não; mas precisamos de mecanismos para lidar com o luto. Escrevemos cartas de despedida, temos sonhos simbólicos, arrumamos quartos, enterramos. Tocamos a música favorita do falecido, montamos um mural de fotos, contamos uma história sobre seus feitos em vida. E o que fica de importante é tudo que aquela pessoa foi em vida para nós.
Eu sempre falei com naturalidade de morte com minha filha. Ontem ela me surpreendeu com uma dúvida e dor sinceras. “Eu vou morrer um dia mamãe?” Isso foi um teste! Minha vontade era abraçar e dizer “não vai morrer filha”. Mas não podia mentir”. Meus olhos se encheram de lágrimas e disse “vai filha, um dia você vai morrer, mas vai levar muito tempo, não se preocupe” (claro, eu não sei disso, mas espero que ela morra de velhinha, igual sua bisa, e tenha uma vida cheia de significado!)
Ela chorou, ela chorou sentida, lágrimas absolutamente sinceras e tristes. “Eu não quero morrer mamãe”. – Ela tem 3 anos e 7 meses, me peguei pensando se eu deveria ter mentido...

Coloquei ela no meu colo e senti suas lágrimas pingando, seu corpo curvado, entregue a um sentimento real. Lembrei-me de uma palestra que vi do velejador Amyr Klink, em que ele conta como a morte é o maior dos professores no mar, pois você aprende (a velejar, a ler as estrelas, a economizar comida, a manejar a vela, o que for) por necessidade de sobrevivência. A iminência da morte torna a vida um aprendizado extremamente presente e real. Não preciso citar aqui histórias lindas de quem recebeu um diagnóstico terrível e passou a “aproveitar a vida” muito melhor. O cinema é cheio dessas histórias. Eu pessoalmente nunca vivi isso, posso apenas cogitar...
Enfim! Lembrei-me das palavras de Amyr e embalei minha filha no meu colo. Enchi seu cabelo de beijos e contei pra ela todas as coisas lindas que ela poderia fazer da vida dela. E que morrer era normal, mas que ela não precisava ter medo. Que ela tinha muito a viver ainda e que estaríamos juntas. Dei exemplos de tudo que ela poderia ser na vida, e que ela cresceria e se transformaria numa mulher incrível, e que ela ainda tinha muito a aprender e viver, e como eu queria que ela tivesse uma vida muito boa e cheia de amor, pois ela já é muito amada. Ela soluçou e mais lágrimas caíram na minha perna “eu não quero morrer mamãe”. E eu abracei ela forte e disse “eu sei filha, eu também não” e a chamei pra aproveitar a vida que temos hoje e fomos passear!
A tristeza passou, foi um momento, foi um instante que ela tomou consciência de que a morte existe. Suas lágrimas foram tristes e genuínas. Eu não saberia inventar mentiras para ela. Talvez seja cedo demais ela pensar sobre isso, mas simplesmente ‘surgiu’ o assunto. Espero que ao entender como todos morremos, ela saiba preencher-se de vida em todos os momentos e experiências que ela tiver. E que ela aprenda muito com cada oportunidade dessa vida. Quando a gente morre, o que importa é a vida que tivemos, e tudo que nos transformou e ajudamos a transformar.

sábado, 1 de setembro de 2018

Criei uma Aldeia, mas não sou chefe de tribo.


Criei uma Aldeia, mas não sou chefe de tribo. 
Rede de apoio entre mães!

 3 anos de aldeia! Obrigada a todas! A Aldeia não foi nada de mais, apenas uma mãe que cansou de se sentir sozinha, e outras mães que responderam! Para encontrarmos ajuda, basta pedirmos! Muito obrigada pelos anos de companhia, e pelas amizades que se formaram, seja comigo, sejam outras entre si! É lindo de ver! De uma intenção de união, muitas coisas bonitas podem surgir! - Alaya Dullius


Foi uma necessidade, uma necessidade minha. Querem que sejamos ‘mulher-maravilha’. Mas pouco se fala da profunda solidão materna. 

Claro, existe a solidão relativa ao luto de si mesma, o deixar de ser o que se era, se descobrir outra pessoa, sentir saudades do que fomos, do que tínhamos... Eu já era doula formada quando me tornei mãe, já havia lidos os manuais, já havia até ordenhado o leite de outras mães, antes mesmo de sentir o leite jorrando de dentro de mim! Eu tinha os recursos, o conhecimento, eu não tinha gente para estar comigo! 

Recém-mudada de cidade, numa cidade onde eu não me identificava, com o marido tendo voltado a trabalhar, a família longe; precisei, precisei de gente, de outras mulheres, outras mães, para partilhar a vida. 

Meus dias eram preenchidos com a bebê. Amamentar, trocar, banho, sono, amamentar, choro. Era um looping eterno de bebê, corre o risco da gente pirar! Eu saia de casa, ia ao mercado, à padaria, bebê devidamente amarrada no sling. Gostava de dar oi pro padeiro, falar com a caixa do mercado, queria falar com outros adultos de vez em quando. Passava o dia lambendo cria e conversando com bebê. 

Era ótimo! Não me entendam mal! Era tudo que eu sempre quis! Mas faltava algo, faltava outras pessoas. Alguém pra dizer “oi também estou aqui, também estou nessa”, ou “sabem receita de pão de queijo sem leite?!”. Alguém pra dizer “alguém ai acordada de madrugada pra bater um papo?”. Ou simplesmente pra me recomendar uma boa costureira, ou onde encomendar um bolo, ou desabafar a falta de sentido de todas as lojas de produtos para bebês serem categorizados entre ‘de menino’ e ‘de menina’! 

Não queria posts profundos em um grupo sério e comprometido no facebook, queria dizer “nossa hoje a fralda vazou, derramei o leite ordenhado, queimei o arroz mas ta tudo bem, vai passar!” – uma coisa humana, cotidiana, de mães com mães, entre mulheres, possíveis amigas, uma aldeia. 

Foi assim que surgiu, em Setembro de 2015. Convidei outras grávidas e mães recentes e não enchi de regras e moderação. A regra era simples: respeito. Apoiamos o parto normal, apoiamos a amamentação; use o grupo, participe, entre na conversa, pegue o bonde andando, desabafe, fale do marido, da sogra, da mãe, peça ajuda, tire dúvida, fale de cólicas, de fraldas, do cabelo caindo. Pode até pedir indicação de marceneiro! Estamos aqui juntas. Responderá quem puder, conversará quem quiser.

Claro que reunir um grupo heterogêneo de mulheres no puerpério sempre tem seus probleminhas, mas por muito tempo vi algo lindo acontecer. Vi apoio real, desabafo real, compartilhamento de dicas. Eu ajudava com o conhecimento que eu tinha já do trabalho com gestantes (outras também ajudavam em suas expertises!) -- elas me ajudavam com dialogo, amizade, presença no cotidiano. Aprendi muito também! E juntas muitas de nós crescemos.
Logo chegamos a 100 membros, na maior parte do tempo fomos 200 mães. Bebês de 0 a 3 anos, a maioria. E dali surgiram amizade reais, e outros grupos se derivaram! Eu achava lindo! É a vida, relações e afinidades, da aldeia outras aldeias se criaram, pessoas se encontraram! Grupos para introdução alimentar, dieta, encontrinhos. As mães iam se afinizando muitas vezes pela idade de seus filhos, mesma fase, mesmos desafios, mesma solidão. 

Tivemos alguns grandes encontros. Um no aniversário de dois anos da minha filha. Outro no aniversário de uma das mães que faz bolos deliciosos! O salão do prédio dela ficou lotado de bebês pelo chão e mães conversando! Encontrinhos na pracinha, piqueniques, desabafos não faltaram! Tivemos até uma super festa de Halloween no prédio de uma das mães, todo mundo foi fantasiado! 

Eu queria que fosse um local onde as mães pudessem recorrer sem medo (e sem propagandas de venda de roupas e outras coisas que poluem nosso dialogo). Claro que houveram problemas, contudo, algumas das ações mais lindas eu vi surgindo a partir da Aldeia de Mães de São José dos Campos! 

Coisas simples e outras muito sérias! Um empréstimo de muleta para uma mãe que quebrou o pé, um empréstimo vindo de uma desconhecida... Uma carona pra uma mãe presa com o bebê na chuva. Fui ajudada quando tive uma úlcera no olho e precisei de ajuda com um oftalmologista! Mas outras coisas aconteceram. 

Uma mãe da Aldeia descobriu que a prima de 17 anos estava grávida. Acolhemos a jovem mãe. Organizaram um chá de bebê surpresa para ela! Com bolo e presentes e muitas fraldas. Um monte de desconhecidas mobilizadas por solidariedade a uma mãe! Foi bonito de ver!
Tivemos ajuda com rifas para pagar o parto de uma, troca de consulta com a mesma pediatra por que o filho de outra tinha mais urgência, anúncio de onde tinha promoção de fralda na cidade! E muita, muita escuta!

O que foi mais emocionante para mim foi a corrente de amor em torno da Raquel, mãe da Lais. Uma mãe da Aldeia que descobriu uma leucemia quando sua bebê tinha apenas uns 8 meses! Choramos com ela, visitamos, organizamos campanha de doação de sangue quando ela foi internada e precisou muito! (o mérito não é meu! É dessas mães lindas que se mobilizaram). Foi compaixão genuína, generosa, de uma mãe se colocando no lugar da outra! Ela nos deixou, e a Aldeia ficou em Luto. Depois muitas ali, juntas, organizaram uma festinha de aniversário para a Lais, que completou um ano pouco tempo após a partida de sua mãe. Ali Lais ganhou muito colo, e seu pai muitos abraços. Ali foi uma Aldeia de amor. 


Na Aldeia mulheres encontram amigas, encontraram irmãs. Encontraram suas doulas, consultoras de amamentação. Encontraram convergências, e opiniões diferentes também! Era um lugar onde a gente não se sentia diferente, "mãe chata". Foi onde mães descobriram que são normais, que suas angustias e inseguranças são as de todas, que não estão fazendo nada errado, e principalmente, que “vai passar”! 

Essa é minha homenagem à aldeia que reuni, não tem torno de mim, mas comigo!
Hoje já não me sinto tão parte dela, mas sei que por três anos foi auxílio, apoio e escuta para muita gente! Muita gente passou e deixou sua marca positiva! Muita gente ficou. Memórias se criaram. Torço que a experiência tenha valido! Valeu pra você?



Deixo o depoimento de algumas mães: 

1. “Eu fico até emocionada tentando dizer o que essa Aldeia representa pra mim! Não estou em nenhuma das fotos, mas vejo pessoas tão maravilhosas que me acolheram sempre! Não tem como esquecer a primeira pessoa que me acolheu X pela qual tenho muito carinho, ela nem deve lembrar pq foi instintivo ajudar uma recém mãe super perdida, recém parida! Sou grata a ela e a tantas outras queridas e amadas sempre em meu coração”

2. “Essa Aldeia me recebeu de braços abertos numa cidade nova em que eu não tinha rede de apoio e se tornou minha rede de apoio, minhas amigas, minha família
São minha companhia nas madrugadas acordadas, nas discussões com marido, nas dificuldades da maternidade
São mulheres porreta que abrem minha mente diariamente para temas que nem me imaginava discutindo
Obrigada X por me trazer pro grupo, obrigada a todas as amizades feitas ali e obrigada a todo mundo que me acolheu sempre!”

3. “Obrigada por me acolher nos momentos de dúvidas maternas e existenciais! Graças ao grupo o puerpério se tomou mais leve!!”

4. “eu sou tão grata de ter estado lá desde o começo! Acho que o que mais fez por mim era saber que eu não estava sozinha. Que tudo o que eu sentia e passava era normal. Mesmo não estando fisicamente na maioria dos encontros sempre encontrei apoio e empatia. Não imagino minha maternidade sem essa troca! Muito obrigada! ❤”” Fora as amizades lindas e reais que pude fazer! É tanta coisa boa pra falar!”

5. “A aldeia pra mim que estive desde o início até pouco tempo atrás, foi um lugar de acolhimento. Um local onde eu não era a "diferentona". Na aldeia recebi apoio, afeto e desenvolvi amizades reais. Sou grata por ter uma maternidade mais leve. Sou grata por toda partilha e confiança dada e recebida.”

6, “E como eu sou grata por você ter cruzado o meu caminho de maneira tão especial e ter me apresentado este grupo tão acolhedor! Mil obrigadas!”

7. “Foi tudo de bom em todo meu puerpério e quando tive que desmamar, putz sem palavras pra dizer o quanto foi incrível esse grupo de mães.”

8. “Ter uma rede de acolhimento, trocar vivências, ter empatia, aprender, desabafar, mudar de opinião...tudo isso aconteceu comigo, e foi bom e importante! Além de fazer amizades para o dia a dia. Tornou a maternidade mais leve e com menos culpa.”

9.“Sou só gratidão por esse grupo.
Fui acolhida num momento tão difícil e novo da minha vida.
Aprendi muito, fiz grandes amigas, dividi alegrias e dores.
Lendo as mensagens, me sinto muito feliz por ter conseguido acolher outras mulheres também. Por ter feito a diferença na vida de vcs.
Obrigada. Obrigada. Obrigada.”

10. “Sou muito feliz por poder participar dessa aldeia, faz diferença na minha vida e contribui para minha evolução como mãe e como pessoa.
Nela aprendo de tudo, divido meus momentos, me sinto apoiada e chamada para diversas reflexões
Sou grata de mais a cada uma!”


11. “Ahhh é uma rede linda de apoio, de mulheres q se entendem e se acolhem, lá desde o comecinho eu partilhei meu segundo puerpério , senti o apoio de cada uma e o acolhimento q eu precisei... foi um encontro especial com amigas de vida real e outras da virtual, que me ajudou no entender do quanto uma rede vai se transformando e acolhendo e se transformando e caminhando pra muitos lados, tornando parte da vida daquelas q partilham ali... <3

12. “A Aldeia é um lugar onde não me sinto a "diferentona", é onde existem pessoas que compartilham das mesmas opiniões e ideias que eu. Um grupo que tornou minha maternidade mais leve, onde só tem mulher FODA.”

13. “ A Aldeia pra mim é uma grande troca, troca de vivências, de experiências, de aflições, de angústias, de alegrias, de babações nas crias, de comemorações pelas conquistas - sejam elas grandes ou pequeninas-. É acolhimento, é colo e um aprendizado constante. Obrigada mulheres por fazerem da maternidade um pouco mais leve, e por me trazerem tantas reflexões. Eu acredito na Aldeia e sei que juntas somos mais fortes.”

14 .“Só posso agradecer!!!! Essas mulheres compartilharam e ainda compartilham comigo momentos bons e momentos de preocupação, cansaço! A melhor rede de apoio q eu poderia ter. Muitas amizades”

15. “A aldeia é o lugar q mtas vezes me acho, me escuta e me faz escutar, onde se troca experiências e aprendizados... onde encontro esperança em que estamos criando uma geração melhor...”

16. "Aldeia é onde seu coração se sente em casa."
Obrigada Alaya por eu ter encontrado, graças a vocês, minha "casa" nesta cidade.”

17. “A vida é feita de movimento e eu sou grata pelo seu impulso inicial de criar um grupo tão rico. Eu me lembro bem, lá no início, quando fui adicionada. Foi um misto de alívio com sensação de pertencimento. Já me vi muitas vezes como um peixe fora d’água e lá eu posso ser eu mesma e também me redescobrir. Foi lá que encontrei um lugar em São José dos Campos, um lugar além da família do meu marido ou das pessoas que conheci através dele. Vocês, mais do que nunca, foram a consequência do que ressoei pro mundo! Meu puerpério foi sabático e ali encontrei forças pra seguir no meu propósito com o parto domiciliar, com a amamentação, com a cama compartilhada e tudo o mais que uma maternidade consciente convida. É ali que eu me vejo nas recém mães e também ali que consigo olhar pro meu percurso e ter muito orgulho de mim. ❤️ Somos mais fortes juntas!”

18. “Aldeia pra mim foi um encontro com minha tribo. Obrigada a todas as que dedicaram seu tempo e afeto pra acolher as minhas dúvidas e medos. Fez muita diferença no meu puerpério, trouxe mais sanidade e leveza. Obrigada pelo convite, Obrigada pelas partilhas de cada dias mulheres lindas!”

19. "Aldeia foi um divisor de águas, existe um eu antes e outra depois. Sou muito grata pq em um momento difícil da minha vida fui acolhida por vcs.”

20. “Tao difícil expressar em palavras o quanto foi importante esse grupo quando vc criou Alaya estava no começo da humanização nao sabia nem o que era puerpério estava no segundo filho onde o primeiro foi cesária desnecessaria...vcs me ajudaram tanto me ouviram os gritos de uma mulher com dor...dor de um marido pedindo mais de uma mãe que havia de renascer que tantas descobertas estavam a flor da pele a todo vapor e não sabia lidar com tudo isso.
Sou grata a todas pelo acolhimento, sou grata pelo abraço que recebia a cada momento fragilizado e dolorido que estava vivendo.”

21. “A aldeia sempre me teve gosto de minha casinha. No começo eu me sentia "a convencional" no meio das diferentonas. E mesmo vindo da "oldschool" do " não morri por causa disso" sempre me senti acolhida e respeitada mesmo tendo divergências de opiniões. A Aldeia me cativou, me conquistou e me fez melhorar em diversos aspectos, principalmente como mãe.
Por isso acredito na sua missão de acolher mães. Se queremos ter.um mundo mais justo e suave devemos praticá-lo e darmos exemplo. Eu melhorei com a aldeia, ela me moldou pela acolhida que me teve. Por isso continuo nela. Luto por ela, acredito na aldeia como um espaço de troca e transformação através da acolhida. E mesmo sendo já uma índia velha das teta caída sem leite, me disponho a estar lá e acolher toda e qualquer mãe.
Pq nosso mantra é " isso também passará" e passa mesmo. Só fica o q foi impresso na alma da outra mulher.”

22. “Mto grata pela aldeia. Não tenho contato pessoalmente, porém é o lugar que me senti acolhida em relação às minhas angustias. É poder falar e compartilhar sem julgamentos. É saber que não estou sozinha lutando por um mundo melhor para minha filha. Preciso conseguir sair um pouco do virtual e conhecê-las melhor pessoalmente... Obrigada por td! Gratidão, amor, acolhimento e pertencimento definem um pouco esse grupo”.




23. “Pra mim foi aquele respiro inicial depois de um mergulho bem profundo. Aquele ar fresquinho que me ajudou a seguir em frente.”


24. “Na Aldeia eu pude perceber que não estou sozinha... Na maternagem, em SJC, nos questionamentos diários... Onde encontro apoio, conselhos, consolo, trocas... Muito grata por conhecer vcs!”

25. “Aprendi muito, me socorri sempre que precisei por uma febrinha ou uma dúvida, concordei ou discordei de assuntos que me eram interessantes ou não, admirei algumas mulheres que me inspiraram, me encontrei como mãe nesta tribo, nesta aldeia diferentona, que tb considero minha."

26. "A Aldeia me deu força e motivação para eu viver uma maternidade com meus propósitos, com valores baseados na minha família e escolha, e não em propagandas e idealizações. Com a aldeia me senti apoiada, acompanhada, acolhida nas questões do puerpério que não é tratada correntemente pela sociedade. Assim, eu e meus filhos pudemos sentir mais amor, presença e alegria diante das mudanças que 1 ou mais filhos provocam na vida. Todos estão se adaptando. Além disso tudo, eu aprendi tanto sobre a vida pq compartilhamos diversas coisas com confiança e segurança. Só tenho a agradecer a oportunidade de estar na Aldeia. É incrível como ela mexe em cada integrante e permite com que sejamos cada vez melhor , impulsionadas pelo amor. Viva a Aldeia!"

27. "No meu puerpério foi a minha salvação. Um lugar onde me entendiam, onde encontrei apoio!!! Já não me sentia tão só!!!"


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