segunda-feira, 15 de maio de 2017

As 5 feridas emocionais na infância e a personalidade adulta

Sabe aquele vídeo (link para o youtube https://youtu.be/SIXw6LcQBjU)  que faz você olhar pra dentro, pensar na sua vida e olhar com amor pros seus filhos e desejar se curar para ser melhor não só para si mesmo, mas para os outros ao seu redor? É esse vídeo! Como mães e pais olhamos para nossos filhos e pensamos se estamos proporcionando o que precisam para um desenvolvimento psicológico saudável. Como pessoas adultas olhamos para nossa criança interior e acalentamos suas dores e curamos as feridas que até hoje nos atrapalham no presente.

Esse vídeo é uma oportunidade. É a entrevista com meu amigo Fernando Rezende Aguiar, que com alegria eu legendei para o português. Ele é psicoterapeuta corporal e toca de modo muito claro na ferida, mas oferece oportunidade de cura, de encontrar sabedoria nas nossas máscaras da personalidade. Que possamos olhar para dentro e efetuar mudanças em nós. Por nós e por nossos filhos!



O que você pensa ser a "sua personalidade" pode ser apenas uma estratégia que você desenvolveu para lidar com a vida quando algumas das suas necessidades fundamentais no seu desenvolvimento infantil não foram atingidas. Quando você diz "é por que eu sou assim" na verdade você está mostrando que em certa época da sua infância você foi "ferido" no que você necessitava emocionalmente.
Um recém nascido precisa de conexão, geralmente com a mãe ou com um cuidador amoroso, na falta dessa conexão ele desenvolve estratégias para sobreviver.
Você tem dificuldade em lidar com coisas práticas do mundo, com o cotidiano, com ganhar dinheiro? Você se considera tímido ou introvertido, e se sente desconfortável no seu corpo? Você pode ter sido ferido na sua primeira necessidade fundamental.
Um bebê precisa de alguém que consiga sintonizar às necessidades dele, na falta disso ele pode sentir que é ruim ter necessidades e passar a ser ótimo em ajudar os outros sem nunca ser ajudado. Se você tem dificuldade em dizer não e estabelecer limites. Se pra você é difícil e desconfortável aceitar ajuda, sua ferida pode estar aí, no seu primeiro ano de vida.
Você se acha muito forte ou independente e nunca mostra um lado 'fraco', ou você depende demais dos outros? Novamente, não é sua personalidade, foi como seu emocional sobreviveu à infância!
Uma criança em desenvolvimento precisa ter o direito de ter autonomia. Se a criança é muito controlada, ainda que de forma amorosa, ela pode se tornar insegura sobre suas próprias capacidades. Se você sente que tem baixa estima, talvez tenha sido o excesso de "zelo" dos seus pais na infância. Você tentou muito ser "uma boa menina", para ser amada, mas por dentro você pode sentir muita raiva e revolta por não ter tido liberdade de ser autônoma.

Uma criança precisa sentir confiança em ser ela mesma e saber que ela ainda será amada mesmo que ela não escolha o que os pais dela querem. Um adulto que na infância não pôde escolher pode ter dificuldade em confiar nas pessoas, e achar muito difícil se abrir pra alguém e se entregar a um relacionamento.
Algumas pessoas são muito qualificadas e capazes, e tentam sempre estar no 'topo', pois necessitam da aprovação para sentirem que tem valor. Quando eram crianças perdiam a conexão de amor caso não correspondessem ao que era esperado delas, e isso é muito triste. Ao mesmo tempo são pessoas com grande necessidade de controle, tentam controlar tudo ao seu redor. Sofrem muito com tensões.
Uma criança que não pode manifestar o desenvolvimento saudável e natural de sua sexualidade aprende a reprimir essa energia e não sabe como lidar com seus impulsos criativos. Existe a sensação de estar 'errado', de 'ser errado', e a reação é transformar essa energia em um perfeccionismo desequilibrado.
Se você está sempre angustiado tentando ser o melhor, atingir uma perfeição que não existe, talvez você tenha sentido na infância, no desenvolver da sua sexualidade, que você não era aceito do modo que era, e para não perder o amor que antes tinha, passou a tentar mostrar 'bons resultados' em outras áreas. Seu perfeccionismo mostra um grande medo de ser quem você realmente é.
Perceber que nossas atitudes podem apenas ser reflexos de nosso desenvolvimento emocional e não quem realmente somos, é uma chave para entendermos como curar as feridas do passado e transformar esse conhecimento em qualidades na nossa vida.
Ao mesmo tempo, podemos olhar para nossos filhos com mais cuidado e mais amor responsável, e permitir que SEJAM o que são, de um modo que se desenvolvam com amor, sem medo, abrindo-se ao potencial pleno que possuem. Ao curarmos essas 'feridas de personalidade' conseguimos estar mais presentes em nossa vida, conseguimos comunicar nossas emoções e necessidades de forma mais clara e ao mesmo tempo sermos úteis no cuidado ao outro, podemos aprender a sermos realmente generosos, inspirar as pessoas sem esperar aplauso, confiar na capacidade dos outros e agir de forma inteira e profundamente conectada a tudo que criamos e desenvolvemos em nossas vidas!
Se aprofunde em si mesmo, pense nos seus filhos também. Veja o vídeo, saiba mais sobre isso, busque terapia se achar importante!
Veja o vídeo no meu canal do YouTube.



Curta e compartilhe se achar que mexeu com você. Ajude mais pessoas a olharem para dentro de suas dores e irem em busca de cura! Por pessoas mais felizes e filhos mais saudáveis neste mundo!

quarta-feira, 3 de maio de 2017

"Mamãe, eu gosto muito de dormir"

Sobre choros e relaxamento

“Eu gosto muito de dormir” - Foi o que a pequena de 2 anos e 10 meses me disse hoje ao deitar. À parte a privação de sono comum a todas as mães, e os sonos picados nos picos de crescimento, nos dentes, nas doencinhas, nas mamadas a cada 2 horas… tirando tudo isso, sono aqui nunca foi um problema.

Tá certo que eu só voltei a dormir a noite toda (leia 6 horas seguidas) depois que ela tinha 2 anos e 3 meses, mas o ano que a isso precedeu foi de apenas 1 ou 2 acordadas por noite, geralmente 1, para mamar.

Ela gosta de dormir, ela aprendeu que dormir é bom. Não foi nenhuma fórmula, mas meu coração suspira aliviado. Ela nunca foi abandonada chorando, nunca dormiu por exaustão emocional. Nunca pegou no sono depois de ter desistido de clamar por ajuda, sentindo que o mundo é um lugar escuro e solitário onde não vale a pena viver, onde nem a mãe atende. Largar um bebê chorando até dormir sozinho é uma das coisas mais cruéis que considero que podemos fazer com um ser humano, ainda mais um bebê! Isso não é um “método” (só se for de tortura).

Dormir tem relação com se entregar ao sono, com relaxar e sentir cada parte do seu corpo pesada e entregue à maciez do colchão. Dormir é sentir o calorzinho das cobertas ou o toque suave da mãe ou do pai, é se sentir amado e acolhido, feliz em descansar para recomeçar um novo dia.

Frequentemente no consultório de acupuntura me deparo com pessoas que têm dificuldade em dormir. Se recusam a relaxar, não conseguem desligar a cabeça que roda como um disco riscado cheio de pensamentos que não se resolvem. Encontro pessoas que tem medo da noite, do silêncio que ela traz, que precisam dormir com  a televisão ligada, ou manterem-se acordadas até a completa exaustão, para então “apagarem” de sono. Dormir não é isso. Não sei como foram os primeiros meses de vida, os primeiros anos dessas pessoas. Se se sentiram acolhidas e amadas, se aprenderam a relaxar sozinhas. Muitas dependem de remédios alopáticos para desligarem, ou lutam horas no colchão contra um relaxamento que não vem. O mundo girando em torno dos pensamentos, das preocupações, da sensação de que o corpo é um incômodo a ser lidado apenas. Não querem desligar em silêncio para não arriscar ouvir o barulho que sai de dentro delas, a inquietação, o sofrimento. Não gostam de dormir, será que tiveram alguma chance de aprender a gostar quando eram bebês? Ou será que relacionam essa hora da noite a sentimentos ruins, ao choro do abandono?

Minha filha gosta de dormir, e eu sorrio! Ela gosta de se aconchegar na cama e pede para eu cobrir os três (sim, três!) bichinhos de pelúcia que dividem a cama com ela. Ela me beija e me deseja boa noite e pede que eu deite ao lado dela (o que é possível graças ao colchão de solteiro que usamos no chão, estilo quarto montessori). Ela pede contato, às vezes basta eu largar o peso do meu braço no flanco dela, ou minha mão encostar em seu braço. Outras vezes ela pede carinho, e eu faço nas costas dela com alegria, lembrando do carinho que minha mãe me dava. Antes de adormecer ela dá boa noite para cada um dos três bichinhos, e finaliza com “boa noite mamãe, dorme bem, eu amo muito você”. Toda noite sou preenchida pelo amor dela, e isso vale todas as noites que acordei para acalentá-la e amamentar.

Essa noite ela me contou um pouco mais: “Mamãe, eu gosto muito de dormir, mas às vezes, só às vezes, eu não quero dormir, e eu choro. É porque eu gosto de brincar, e não queria ter que dormir, mas aí eu fico muito cansada. Mamãe, às vezes eu durmo, e eu acordo, e eu durmo de novo, é bom dormir.” Nada como um relato espontâneo para termos um vislumbre do que se passa no universo de uma criança.

Dorme bem minha querida, dorme a noite toda, e me recebe amanhã com um enorme sorriso, e que você nunca desaprenda a relaxar nesse mundo tão cheio cobranças.
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